Primeiros capítulos de “PARA ENTENDER O TEXTO” (1991) e “LIÇÕES E TEXTO: LEITURA E REDAÇÃO” (1996)
(José Luiz Fiorin E Francisco Platão Savioli.)
Basicamente, ao comparar as duas versões escritas por Fiorin e Savioli, observa-se que a versão de 1996 sempre reafirma os conceitos de definição de texto expostos na versão de 1991, discorre mais amplamente sobre o assunto e oferece outros exemplos mais atualizados incluindo, juntamente, conceitos sobre leitura. Nesse quesito, sobre a definição de leitura, a versão de 1991 é menos abrangente e essas definições estão apenas acompanhando a definição de texto enquanto na versão 1996 é mais amplamente discutida a questão de leitura dentro do contexto.
Sobre as definições de texto, a versão de 1991 afirma primordialmente que “o texto não é um aglomerado de frases” simplesmente postas umas abaixo das outras e que “não se pode isolar frase alguma do texto e tentar conferir-lhe o significado que se deseja” pois esse já vem explícito ou implícito dentro do próprio texto como um todo. Num segundo momento acrescenta que “todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla” onde “nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu”, definindo assim o conceito básico de contexto.
Na versão de 1996, os autores afirmam que “num texto, o significado de uma parte não é autônomo, mas depende das outras com que se relaciona” e que “o significado global (...) não é resultado de mera soma de suas partes, mas de uma certa combinação geradora de sentidos”, embutindo, já na definição inicial de texto, o conceito de contexto. Para reafirmar a importância do contexto na formação e compreensão de texto, os autores escrevem que “num texto o sentido de cada parte é definido pela relação que mantém com as demais constituintes do todo; o sentido (...) é dado pelas múltiplas relações que se estabelecem entre elas”.
As definições de texto nas duas versões são claramente parecidas, onde a grande diferença se dá apenas na inclusão mais profunda do conceito de contexto por parte dos autores na segunda publicação. Na versão de 1991, o conceito de contexto também aparece, mas de forma um pouco mais tímida e vem para completar o sentido de texto. Já na versão de 1996, os autores definem contexto como parte integrante e principal da formação e compreensão de texto.
O capítulo número 1 dos dois livros também falam sobre leitura. Na versão de 1991, os autores apresentam o conceito que “para entender qualquer passagem de um texto é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem, sob pena de dar-lhe um significado oposto ao que de fato tem” além de “considerar que (. ..) deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida”, entendendo-se por contexto “uma unidade lingüística maior onde se encaixa uma unidade menor”. Sobre influências externas na produção textual, a primeira publicação traz a definição que o texto é construído para “marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade” conferindo a idéia de marca textual, onde cada texto é diferente em vista da condição social em que foi produzido.
A versão de 1996 traz a idéia de leitura citada dentro das propriedades de um texto, onde numeradas de 1 a 3, definem, em síntese que:
1- o texto “é um organizado de sentido, (...) um conjunto formado de partes solidárias, ou seja, que o sentido de uma depende das outras” onde deve existir uma “coerência, isto é, a harmonia de sentido de modo que não haja nada ilógico, nada contraditório, nada desconexo, que nenhuma parte não se solidarize com as demais”, a pequena definição de texto seguida da implicação da necessidade de coerência no texto é a base da idéia de leitura;
2- o texto deve “ser delimitado por dois brancos”, o texto deve ser um esclarecimento, uma exposição, deve acrescentar algo que não havia antes dele e assim que terminar deve deixar outro espaço para reflexões;
3- “o texto é produzido por um sujeito num dado tempo e num determinado espaço” e isso provoca no texto marcas únicas, implica nele “idéias, anseios, temores e expectativas de seu tempo e seu grupo social”.
Na conclusão final sobre leitura, os textos das duas versões são parecidíssimos e diferenciam-se apenas em mínimos detalhes de vocabulário, que em nada diminuem ou acrescentam ao sentido geral.
Resumos Relacionados
- O Texto
- Livro
- Temas E Figuras: O Encadeamento De Figuras. In: Para Entender O Texto: Leitura E Redação.
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