“REVISITANDO O CONCEITO DE RESUMOS”
(Ana Raquel Machado)
Apesar de já terem recebido bastante atenção nas décadas de 70 e 80, atualmente muito pouco se tem estudado em relação ao processo mental chamado de sumarização e à produção de resumos e também o quanto esse gênero é importante e necessário, tanto no contexto escolar quanto fora dele.
O objetivo do artigo é retomar alguns desses estudos e que ela pretende apresentar uma nova perspectiva sobre resumo enquanto gênero textual de uso cotidiano e, particularmente, sua aplicação para o ensino, usando para isso a noção bakthinana de gênero.
Para atingir tal objetivo, a autora anuncia que tratará primeiramente dos referenciais teóricos sobre os estudos de produção de resumos e do processo de sumarização, um breve resumo de regras que regem o gênero abordado, completando com análises retiradas da revista VEJA e de páginas da Internet, e finalmente, suas considerações finais.
Ao iniciar a apresentação dos referenciais teóricos de seu estudo, Machado posiciona-se na visão interacionista sócio-discursiva proposta por Bronckart (1996), aliada aos trabalhos de Dolz e Shneuwly (1998), que estabelecem ser necessário primeiro uma definição clara dos gêneros a serem ensinados, nomeando e identificando-os dentro de seus possíveis usos sociais, sendo importante para isso a análise da situação de ação de linguagem de Bronckart (1996) e do contexto de produção do gênero em questão.
A seguir, a autora apresenta um breve resumo sobre como aconteceria a sumarização de informações durante a leitura dos textos que todos os leitores usam para chegar à compreensão final do texto lido, de acordo com van Dijk (1976 e ss.) e Sprenger-Charolles (1980), citando regras que regeriam tais processos.
Essas pesquisas logo tiveram aplicação didática com trabalhos de Kleiman (1989 e ss.), Brown & Day (1983), Sprenger-Charolles (1980), Paes de Barros (1989 e 1991) e continuam conduzindo os estudos atualmente, mas que a intenção de seu trabalho, porém, é justamente usar a noção de gênero já mencionada para melhorar a compreensão do resumo em si e de seu processo de produção, bem como suas aplicações didáticas.
Antes de partir para sua análise, Machado busca primeiramente resolver a confusão terminológica a cerca do termo resumo, usando para isso os significados do verbete encontrado no dicionário Novo Aurélio on line, e então refutá-los ao afirmar que as referências apresentadas no dicionário não são adequadas, pois não diferenciam o processo mental de sumarização do produto final textual desse processo.
Em seguida, a autora apresenta o corpus de sua pesquisa, sendo a primeira fonte de dados a revista VEJA on line, na qual pode ser encontrada grande quantidade de textos que fazem uso do processo de sumarização como “é o caso dos títulos e subtítulos de matérias ou a apresentação concisa de conteúdos de filmes ou de peças teatrais”, explicando que esses textos não se constituem como gênero resumo, mas fazem uso do resumo como parte de outros gêneros.
Depois de apontar os lugares onde os resumos são apenas partes constituintes de outros gêneros, a autora apresenta a seção “Para Usar”, na qual são encontrados textos que ela afirma poderem ser denominados resumos, pois funcionam como textos autônomos que trazem como conteúdo a apresentação concisa de um artigo, uma indicação bibliográfica e outros dados do texto resumido, sem apresentar nenhuma interpretação ou avaliação como acontecia com as resenhas, tendo a função de informar ao leitor, de maneira clara e objetiva, sobre pesquisas e artigos que podem ser úteis.
Em seguida, Machado parte para as páginas da Internet e faz uso da ferramenta de busca RADAR UOL para definir como os resumos aparecem na Web, encontrando milhares de referências para o termo “resumo”, apontando que a confusão terminológica encontrada nos dicionários também se estende à rede mundial de computadores.
Dentre os milhares de resultados encontrados na pesquisa, a maioria relacionam-se a obras literárias e que, embora estejam agrupadas como “resumos”, na verdade, tratam-se de diferentes gêneros textuais.
Entres os gêneros textuais encontrados, Machado destaca primeiramente os aqueles que ela vê como tipicamente escolares e, portanto, de interesse de estudantes, pois esses textos têm a função de resumir o conteúdo completo de uma obra, reproduzindo as partes consideradas importantes para um bom entendimento da obra resumida, e também as resenhas críticas que além do resumo da obra apresentam comentários, interpretações e avaliações.
Outros gêneros destacados dentre os textos encontrados são a contracapa, nos quais a função não é apresentar o conteúdo todo, mas uma parte dele para incitar o leitor a ler a obra completa, os resumos de artigos ou obras científicas, sem vínculo com o autor do texto resumido, abstratcs de artigos científicos e rumos de teses, nas quais o próprio autor do texto é quem o resume, já que, em geral, os resumos são partes constituintes destes gêneros.
Após esse grande levantamento de dados, Machado traz a definição de resumo segundo a ABNT para novamente combater a confusão terminológica que é, para ela, o principal problematizador do estudo de resumos, pois dá a “falsa impressão” de que o resumo só se destina ao meio científico.Após listar resumidamente várias questões já abordadas no artigo, Machado determina como conclusão de seu estudo sobre resumo como gênero a ser ensinado que primeiramente deve-se distinguir claramente o processo de sumarização de seu resultado final e sempre deixar claro para os alunos a função e a finalidade do resumo e suas condições de produção, processo que pode ser enriquecido com as várias possibilidades deste gênero como constituinte de outros
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