Conto infantil "Maneco e Sherloque, uma história de vingança"
(Rodriguez)
Maneco e Sherloque: uma história de vingança Era uma vez um lindo gato branco que tinha olhos azuis mas era muito fala-barato e matreiro. Chamava-se Maneco. Gostava de saltar pelos ramos das árvores e conversar com os passarinhos. Na realidade, ele tinha um objectivo cruel: enquanto ia metendo conversa com os pássaros, distraindo-os, aproximava-se deles e… zás! Com um salto, apanhava sempre o mais gordinho e apetitoso. Os outros voavam aflitos e aterrorizados. Era um suplício para a pardalada, que vivia em constante sobressalto. Maneco tinha até uma estratégia astuciosa, era um psicopata da espécie dos felinos, um autêntico serial-killer de pardais, profissional imbatível naquela hedionda arte. Tal estratégia consistia em mudar de floresta quando começava a ficar conhecido e prestes a cair nas malhas da justiça. Então viajava para bosques onde pudesse, no anonimato, colocar em prática mais planos homicidas e sanguinários junto dos ingénuos passarinhos. Era um gato cruel, temido por todas as aves mais desajeitadas e indefesas. Acontece que uma das vítimas do gatarrão tinha deixado um irmão passarote meio desajeitado, mas com queda para a investigação, já que tinha visto todas as séries do Rex – o cão polícia. Essa ave metediça, de nome Sherloque, qual inspector Pardal, resolveu dedicar a sua vida à difícil arte da vingança. Vingava-se de tudo e de toda a gente: se um coelho se atravessava no seu caminho quando pousava no chão, logo lhe roubava todas as cenouras; se um macaco descansava no seu galho, logo ia a correr colocar granadas de mão dentro das bananas das redondezas. Era um vingador convicto. Conta-se até que um dia, só porque a sua namorada cumprimentou um galo minorca, ele entregou o galo ao lavrador vizinho para que pudesse fazer um guisado. Esse gesto da já ex-namorada deixou-lhe marcas profundas na alma, desilusões moribundas e penosas, por isso dedicou-se à religião, jurando nunca mais na sua vida pensar sequer em casar ou namorar. Tornou-se padre ou pregador de pardais, rezava missas em grutas e até celebrava baptizados e casamentos, sendo que mais tarde chegou até a casar a sua antiga namorada com uma doninha fedorenta, ligação que o próprio tinha preparado para se vingar dela. O Sherloque tinha uma grande amizade com o milhafre Malhado, uma ave de rapina muito sagaz e justiceira. Foi falar com ele e pedir-lhe ajuda na vingança contra o gato Maneco, assassino de seu mano querido. Então, uma bela tarde, quando o gato Maneco estava num ramo de árvore a tentar pôr em prática mais um dos seus planos maléficos, o milhafre Malhado resolveu pregar-lhe um susto daqueles mais valentes. Apareceu a voar com grande velocidade – ele já tinha sido contratado para competir contra aviões da categoria de um Concorde – e apanhou-o de surpresa em suas garras, levando-o a passear pelo ar… talvez para que ele pudesse apreciar a beleza da paisagem e sentir como ela era assombrada pelos seus assassinatos. Quando já estavam quase na estratosfera, o milhafre Malhado ameaçou deixar cair o Maneco se ele não parasse de cometer aqueles crimes. E ele prometeu nunca mais fazer mal nem aos pássaros, nem às galinhas, nem às minhocas, nem aos elefantes, porque estes eram demasiado fortes para ele… Prometeu tornar-se vegetariano, comer apenas ervinhas e folhas secas de árvores. E assim foi. Hoje, o gato Maneco é um membro da sociedade protectora dos animais, está na secção dos pássaros. Emendou-se e tornou-se um cidadão exemplar. Quanto ao Sherloque, deixou de ser padre, porque conheceu uma bela andorinha que o levou para bem longe.
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