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Folha de Sao Paolo
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Palavras que não valem o quanto pesam Vivemos por tabela. O leitor dos jornais e revistas (nem todos ou todas, óbvio...) é um fingidor satisfeito com a dor que agora finge. A dor, sim. Nem muita, nem pouca, só a suficiente para seguir em frente fingindo. Para quem gosta tanto do novo há, então, essa novidade: Um limbo na consciência da verdadeira dor dos homens. Faz pouco, me ocorreu que por mais singela(o)s que possam parecer, as letras das canções e ditos populares são dicas para a compreensão de questões muito importantes. O compositor Chico Buarque, ainda era novo e disse que: “Mas para meu desencantoO que era doce acabouTudo tomou seu lugarDepois que a banda passou” Sempre me perguntei a razão de tanta alegria estampada nos rostos dos poderosos nas primeiras páginas dos jornais. Estarão eles vendo a banda passar? E, mais uma vez, vendo as manchetes da Folha Uol, lembrei-me de que pimenta no do outro não arde. Fiquei pensando na dor, ou, no mínimo, no desconforto das ardências em local tão delicado da minha anatomia. Um exemplo: A fase de minha vida não é de acumulação, é de mudança. Mesmo que me seja doloroso, estou vendendo meu apartamento de 30 metros quadrados. E, claro, como não posso escolher os compradores, atendo a todos- todo- sorrisos. E haja sorriso, papo. E haja pimenta! Um sacrifício! Recebo aqui em casa desde peruas que acham que meu armário é mínimo demais e você tem pouca roupa demais, até o chinês que, aos 90 anos - e como se fosse viver até aos 150 - bateu o pé no chão de cimeneto queimado pra ver se o décimo primeiro andar ainda estava firme. Ontem, veio um jovem simpático que trabalha com marketing. Depois da visita, educadamente levei o cara até a portaria. Na despedida, ele quis saber como eu conseguia viver sem ler jornais (só manchetes) ou ver programas jornalísticos na TV (só escaladas). Sem criar mais polêmica, expliquei que pela manhã, antes mesmo de chegar à rua, já sei de tudo que é importante para a mídia. Todo dia, e de graça, a partir do elevador, moradores, porteiros e os seguranças das lojas nas ruas, além do (raro) bom- dia, oferecem-me a mais variada interpretação dos fatos noticiados. Não exatamente a interpretação pretendida pelos jornalistas, mas, sei que a mais rica. E sigo a minha vida, sem me importar muito com a pimenta escolhida pelos jornais e a ardência nas notícias. Já faço parte da população que vive no limbo da consciência da dor. Esperneando, inconsciente, mas vivo. As grandes cidades são cidadelas contra a verdade dos fatos. Se antes era verdade que sentir dor doía - e a dor não agradava à ninguém - estamos agora vivendo um momento histórico único: Hoje, pimenta no dos outro ou no nosso, nem arde mais. Vendo a banda passar, somos especialistas em dores indolores, já ficamos especializados em ter a dor de segunda mão. Mesmo que eu não saiba onde é o Rio Solimões ou a cidade de Abaetetuba, poderei sair pela rua comentando o preço do mogno ou a questão do contrabando de meninas entre as delegacias do Pára. E saberei também que a governadora do Pará – aparentemente uma distraída - foi chamada por quem de direito para ser comunicada de que existem verbas para a segurança de seu estado. Ao ler os jornais, sem pestanejar, fazemos de conta que estamos cientes do que é a vida a nossa volta. E eu continuarei aqui, tentando resolver a minha pequena dor e sair da cidade pra ver a banda passar. Quero ver que outras bandas estão tocando por este brasilzão de Deus. Mesmo sabendo que elas passarão e eu (Passarinho?) ficarei aqui com o que penso sobre a mídia em geral e a distância física e concreta entre quem manda e nós que somos mandados. Entre nós, que ficamos vendo a banda passar, a dor real e a virtual, há um jornal.



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