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A cartomante
(Machado de Assis)

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Machado de Assis (1839-1905) é considerado por muitos como o melhor escritor brasileiro de todos os tempos. Seus textos correram o mundo com traduções primorosas e cada vez mais vêm sendo vistos como exemplos de como se deve escrever. Dentre seus romances, destacam-se Dom Casmurro, Mémorias Póstumas de Brás Cubas e Quincas Borba. Entretanto, ele também desbravou um território antes esquecido pela elite literária, que são os contos. A partir dos excelentes contos de Machado, houve um maior interesse por tais textos, ganhando espaço na literatura, dado que anteriormente, eram alvo de preconceito ou taxações de sub-literatura.
Um de seus contos mais famosos é "A cartomante" que entrelaça a vida de Camilo, Rita e Vilela. A história é a seguinte: Vilela seguiu a carreira de magistrado, porém, desistiu, acabando abrindo uma "banca de advogado". Ele casara com uma mulher um ano mais velha, a quem o narrador chama de "formosa e tonta", Rita. Já Camilo, o "ingênuo", era amigo de infância de Vilela. O primeiro era funcionário público - emprego este arranjado pela mãe - e acabou arranjando casa para o amigo e sua esposa morarem em Botafogo. Os três, todavia, reforçaram sua ligação quando a mãe de Camilo faleceu. Vilela tratou do inventário e sufrágios, e Rita, do "coração". Nesse interím, Rita e Camilo apaixonaram-se, o que culminou em adultério.
Certo dia, Camilo recebeu uma carta anônima avisando que todos sabiam de seu caso com Rita. Pelo exposto, acabou evitando ir à casa de Vilela, que notou a ausência. Camilo, para despistar o amigo, alegou uma paixão frívola. Nesse momento da narrativa, Machado utiliza uma frase que muito desperta os curiosos literários: "Candura gerou astúcia", o que poderia indicar que Vilela acabou desconfiando do adultério. Rita, crente em bobagens, acabou consultando a cartomante com medo, porém viu seus receios diluírem diante das previsões escutadas. Ela também, após ler as outras duas cartas anônimas que chegaram para Camilo, acabou interpretando-as como sendo de algum(a) pretendente. Nunca se soube. Camilo, continuou desconfiado de que tais cartas eram avisos de Vilela, ainda mais quando ouviu que o último vinha agindo de forma "sombria", falando pouco.
Camilo acabou combinando com Rita de que era melhor não se verem por algumas semanas, por cautela. Apenas se corresponderiam por extrema necessidade. Separaram-se com lágrimas. No entanto, no dia seguinte, o primeiro recebeu na repartição um aviso de Vilela que clamava: "Vem já, já, à nossa casa; preciso falar-te sem demora". Essa é a parte do conto mais demorada, na qual Machado adentra na mente de Camilo, mostrando ao leitor o medo deste no caminho à casa do amigo. Será que Vivela descobrira? Se ele descobriu, o que fará comigo e Rita? Nessa parte, aparece a cartomante do título mais uma vez, com a qual Camilo decide se consultar, ansioso por ouvir palavras encorajadoras. Ele as encontra, visto que a cartomante disse que nada aconteceria, uma vez que o "terceiro" a tudo ignorava. Palavras genéricas que acalmaram os ânimos de Camilo.
Parágrafos depois, Machado descreve a leveza que Camilo sentia, estendendo palavras a fim de dar ao leitor a impressão de longevitude, de eternidade, de que tudo estaria bem. Táticas para o leitor ficar tão esperançoso quanto Camilo quando este chegou à casa do amigo. Tudo isso para que houvesse um baque no parágrafo final, no qual é mostrado Vilela com as feições "decompostas", levando Camilo ao quarto para que este visse Rita morta no chão e acabasse também vítima de dois tiros de revólver, morrendo como a amada.
Esse conto foi publicado em 1884, na Gazeta de Notícias, Rio de Janeiro. Refletia a instransigência das leis da época na qual imperava uma norma penal conhecida como "Legítima Defesa da Honra". Esta norma safou muitos homicidas passionais que mataram suas esposas e amantes em nome da "honra". Com certeza, Vilela, se julgado verdadeiramente na época do conto, acabaria inocentado por estar defendendo sua moral ferida."A cartomante" é considerado por muitos como sendo mais uma pérola literária de Machado de Assis, que guardava em seus escritos a técnica perfeita e a capacidade de persuadir o leitor a juntar-se aos personagens de seus textos. É unânime o embevecimento com Camilo e o chofre diante de sua morte no final.
Palmas a Machado.



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