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Música perdida
(Luiz Antonio de Assis Brasil)

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Apesar de
Assis Brasil já ter sido músico e escrito outros dois livros sobre o tema
música, Música Perdida deixa transparecer que não tem como público-alvo os
músicos especialistas, pelo contrário, parece que foi escrito para os que não
entendem nada ou não apreciam ler sobre música. O autor flui de maneira tão
suave e natural que até quem não se sente atraído pelo tema gostará de lê-lo.
Admito que se o livro não fosse um dos finalistas da Copa de Literatura
Brasileira e eu um dos jurados, nem o título, nem a capa, nem a história
chamariam a minha atenção em uma livraria para levá-lo comigo. Ainda bem que
existem coincidências no Universo (frase dita ironicamente por alguém que não
acredita em coincidências).

O livro narra a história do jovem Quincazé desde a infância até tornar-se o
maestro Joaquim José de Mendanha. O maestro Mendanha foi um personagem real da
história do Brasil que compôs o hino do Rio Grande do Sul. Outro personagem
real foi o padre-mestre José Maurício Nunes Garcia. Não sabemos o quanto Assis
Brasil se baseou na história verídica para escrever o seu livro, mas nem
importa, a obra já entra com destaque para o rol dos romances-históricos
brasileiros.

Mendanha possui um dom e uma maldição: o ouvido absoluto, capaz de identificar
notas musicais naturalmente. Fato percebido primeiro pelo pai, no interior de
Minas Gerais, que o manda estudar fora com a esperança de o filho tomar o seu
lugar na Lira da pequena cidade de Itabira do Campo. No trajeto, mais
precisamente em Vila Rica, Mendanha conhece Bento Arruda Bulcão, que o treina e
patroneia em busca de mestres mais grandiosos no Rio de Janeiro.


No Rio de Janeiro é treinado pela glória da arte colonial brasileira, José
Maurício Nunes Garcia, que o ensina a "dosar" sua virtude. Afinal,
explica, não havia no Brasil pessoas habilitadas o suficiente para reconhecer
uma obra-prima da música mundial. Mendanha estaria fadado ao fracasso por ser
um gênio em um país que não lhes dá valor algum e aprecia basicamente o vulgar
e popular. Garcia ensina também que a assinatura de um grande músico e compositor
brasileiro está nas pequenas imperfeições, sutilmente percebidas somente por
seus iguais. "Eis tudo: toda dissonância é uma preparação para a
harmonia". Cabe aqui uma observação importante (conforme destacada por um
dos jurados da CLB): há alguns erros teóricos (ou técnicos) sobre música no
decorrer do livro, todavia estes fazem Assis Brasil exatamente igual ao seu
personagem Mendanha. Sua assinatura são as pequenas imperfeições na obra,
somente reconhecidas por seus iguais. E deixa uma pertinente crítica à
literatura brasileira, de que não há (muitas) pessoas capazes de apreciar as
obras-primas literárias atualmente escritas por aqui.

Desafiando o seu mestre, Mendanha compõe sua obra-mestra escondido, a cantata
Olhai, cidadãos do mundo, que além de dar o título ao livro, acaba se perdendo
e vira o eixo central no fim da trama. Nada mais dramático do que ver um
personagem obtendo um último lampejo de esperança para concretizar seu maior
sonho, bem como seu maior pesadelo, antes de findar a sua existência. Neste
ponto, o leitor pode se beneficiar de uma ótima lição de como enfrentar a
velhice, mesmo não obtendo o "sucesso" na vida ou levando algumas
frustrações passadas nas costas, porém firme ao lado da pessoa amada. Pilar, a
esposa de Mendanha, é o exemplo perfeito de companheira ideal. "Ela
aproximou os lábios de seu ouvido: - Vou acompanhar você até o inferno, se ele
existe. - Existe sim."



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