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Selma e Sinatra
(Martha Medeiros)

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Não há dúvidas de que Martha Medeiros sabe escrever muito bem. Se assim não fosse, seus poemas, crônicas e romances não seriam tão lidos e apreciados. Muitos referem-se a ela como sendo escritora de mulheres dado que suas obras costumam ter certa veia feminina que pulsa apaixonadamente. Martha escreve colunas para os jornais Zero Hora e O Globo, além de publicar romances e poesias de vez em vez. Seu romance mais famoso é Divã, que inclusive foi adaptado para o teatro, tendo a personagem principal interpretada pela famosa Lília Cabral.
Entrento, a resenha a seguir concerne ao romance de Martha entitulado "Selma e Sinatra", publicado pela Editora Objetiva. Este relata o choque entre duas mulheres que devem aturar-se, no mínimo, a fim de que possa haver entrevistas que culminarão numa biografia escrita por uma delas.
A jornalista é Guta, 40/41 anos, fracassada em sua profissão, porém talentosa. Fora escolhida por Selma, 74 anos, cantora renomada, para escrever uma biografia. O romance transcorre exatamente no quarto de Selma, durante as entrevistas que servirão como material para o livro que seria escrito. Seis meses, conforme delineou Selma desde o início.
Os relatos de Selma, entretanto, revelaram-se frustrantes. Isso porque a cantora esmiuçava uma vida sem altos e baixos, sem receios, sem emoção alguma que passasse daquela vidinha de filme. Contava pouco da infância, marido, filhos, carreira. E mesmo sendo perfurada pelas indagações diretas de Guta, ela fugia logo, dizendo que sua vida fora aquilo ali. Guta, todavia, sempre acredita que a entrevistada lhe escondia algo, que não contava a verdade fática e sim a idealização de casos ocorridos.E isso a irritava.
Quando as duas já se conheciam há um bom tempo, Selma, embriagada, revelou que havia traído o marido com o cantor "Sinatra" da vez que este veio ao Brasil. Todavia, pediu para que Guta não publicasse tal história na biografia. A jornalista, vendo seu "best seller" ir para o ralo, insistiu muito, o que culminou na desistência de Selma quanto ao livro. Mais calma, dia depois, a cantora pediu para que retomassem a entrevista, voltando atrás, com a condição de que o caso de Sinatra fosse esquecido. E assim, as entrevistas continuaram.Em um dia, Selma aproveitando-se que o gravador estava desligado, mostrou-se verdadeiramente, contando a realidade dos fatos, sem qualquer caso romanceado. Relatou que não se achava bonita, que não teve uma infância feliz, que encontrou na música o passaporte para a "atenção" (reconhecimento), que casou sem amor, que nunca se apaixonou, que traiu seu marido algumas vezes. Nesse trecho do livro, Martha aproveita para lançar luz nessa mulher que sempre interpretou ser alguém que não era e que queria ver essa "personagem" impressa nas páginas de sua biografia. Queria a perfeição mascarada no livro.
E assim teve. Guta escreveu um livro como Selma desejava, sem levar em consideração as conversas reveladoras em off. Os críticos reconheceram o estilo literário satisfatório de Guta, todavia, não gostaram da vida da cantora, julgando-a muito "linear". Na última conversa entre Selma e Guta, a primeira contou que fez um biópsia que revelou que apenas contava com mais três anos de vida. Tal notícia, no entanto, não pareceu comover nenhuma das duas. O livro termina na página cento e vinte e nove, despedindo-se das duas personagens que separavam-se após a última conversa.
Martha foi feliz ao tratar de algo que muito interessa aos humanos, visto que várias pessoas costumam construir uma vida para os outros verem, muitas vezes escondendo seus sentimentos em prol dessa idealização que têm de suas vidas. Esse pensamento já é antigo, inúmeros escritores já trataram do assunto em todo o mundo, na velha história de que a vida é um palco, os homens são atores, etc."Selma eSinatra" pode ser comparado com a vida de Selma: é muito linear, sem altos nem baixos. É difícil encontrar alguém que o tenha lido e sinceramente diga que é um dos melhores livros de todos os tempos. É fraco se comparado com a habilidade literária que Martha possui.
Logicamente, os diálogos são todos muito bem elaborados e abrem janelas para que o leitor imagine essas personagens como sendo reais. Entretanto falta emoção, o que prejudica o decorrer da leitura. Ninguém leria a biografia de Selma ou a de Guta. São infelizes. Isso sabemos. Mas e as reviravoltas, a escrita que prende o leitor, o carisma dos personagens? Falta.
Martha Medeiros escreve tão bem quanto Guta. Sabe se expressar maravilhosamente e retratar mulheres de modo gentil, carinhoso, como quem entende. Seu estilo é fácil sem ser medíocre, o que é um ponto para o leitor. No entanto, não agradou com o livro em voga.
"Selma e Sinatra" acaba sendo apenas mais um livro na estante.



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