LENDAS BRASILEIRAS – O BOITATÁ (SUL)
(folclore brasileiro)
LENDAS BRASILEIRAS – O BOITATÁ (SUL) O Boitatá é o gênio que protege as campinas e castiga os que põem fogo no mato. Ele quase sempre aparece sob a forma de uma cobra muito grande, com olhos enormes que parecem faróis. Às vezes surge com a aparência de um gigantesco e brilhante boi. Quem o encontra pode enlouquecer, ficar cego e até morrer. A história do surgimento do Boitatá remonta a muito tempo atrás. Em uma época em que a noite havia surgido há muito tempo, e a luz não voltava a aparecer, as pessoas estavam apavoradas, pensando que o dia nunca mais voltaria. Tudo ficou desorganizado, não havia mais carne, as colheitas se perdiam nos campos. Era uma noite estranha, em que não brilhavam nem a lua, nem as estrelas, em que não se ouvia um rumor, nem se sentia o cheiro dos pastos e o perfume das flores. As pessoas tinham medo de afastar-se e não encontrar mais o caminho de volta; ficavam apenas reunidas em torno de pequenas fogueiras. Não muito longe de onde estavam as pessoas, em uma gruta escura, vivia a Boiguaçú – Cobra Grande – quase sempre a dormir. De tanto viver no escuro, seus olhos tinham crescido e ficado como dois faróis. Não muito tempo depois do início da grande noite, caiu uma chuva tão forte e tão demorada, que inundou todos os lugares baixos. Os bichos, apavorados, fugiram para lugares mais elevados. A água também invadiu a gruta da Boiguaçú que, por viver dormindo, quase morreu afogada. Ao perceber o perigo, a cobra deixou seu esconderijo e se dirigiu para onde os outros animais estavam. Diante da necessidade, por viverem juntos, todos os bichos ficaram amigos: perdizes, onças, cavalos... Todos, menos a Boiguaçú que, com seu mau gênio, ficava o mais longe possível. A chuva acabou passando, mas, com a escuridão os animais não conseguiam encontrar o caminho de volta. O tempo foi passando e a fome apertando, e os animais começaram a brigar entre si. Se a cobra podia ficar muito tempo sem comer, já não ocorria o mesmo com os outros bichos, o que a Boiguaçú percebeu. E se preparou para o ataque. Ela gostava especialmente de comer olhos. Como a onça estava pertinho, e fraca, a cobra a atacou e comeu-lhe os olhos. E, assim, passou a atacar todos os animais, mas passou a receber a influência do que comia: estava ficando luminosa, com a luz dos inúmeros olhos comidos. Os animais, quando viram a cobra (pois brilhava no escuro) não a reconheceram, pensando que fosse um novo animal, e deram-lhe o nome de Boitatá – Cobra de Fogo – pois ela era uma longa listra de fogo azulado, frio e triste. Também as pessoas passaram a ter medo da cobra de fogo. Mas a preferência alimentar do Boitatá foi também sua perdição, pois estava enfraquecendo a olhos vistos. Sua alimentação não o sustentava. Ficou tão fraco que acabou morrendo. Quando morreu, sua luz esparramou-se pelos brejos e cemitérios. Como castigo por sua maldade, ficou encarregado de zelar pelas campinas. Pouco depois que o Boitatá morreu, o dia nasceu outra vez, para alegria geral. Ah, quem dá de cara com o Boitatá em alguma noite dessas, deve ficar bem quieto e fechar os olhos, com a respiração presa, até que ele se vá... Também, quem tiver boa pontaria, pode jogar nele alguma coisa de ferro. Agora fugir NUNCA, a menos que seu cavalo seja muito bom!!!! BASEADO EM “HISTÓRIAS E LENDAS DO BRASIL” – ED. APEL
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