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EM POLÍTICA NÃO CONTE TODA A VERDADE
(Jerson; Política para Político)

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BOM POLÍTICO DEVE SABER ADMINISTRAR A VERDADE - A máxima descrita no título desta coluna explicita um princípio, característico do que se costuma chamar de "corrente realista" na política. Os grandes nomes deste movimento são Maquiavel e Baltasar Gracián.
Para os defensores da corrente realista na política, o bom político deve saber administrar a verdade.
A "corrente realista" de análise da política caracteriza-se pela total rejeição da visão da política como um campo onde os ideais altruístas se realizam, em troca de uma visão "cínica", que encara a política como o campo onde a retórica do idealismo esconde a luta por interesses egoístas individuais ou grupais.
A corrente idealista encara o ser humano como um indivíduo naturalmente voltado para o bem, e aposta nesta sua propensão altruísta para analisar a política. A corrente realista, ao contrário, vê o ser humano como um indivíduo naturalmente egoísta e interesseiro, e olha a política a partir deste pressuposto.
Excluídos os exageros dos extremos, sem cair na tentação de adotar o confortável ponto intermediário, não resta dúvidas que a política real está mais para a escola realista do que para a idealista"
O princípio, enunciado no título da coluna, aborda a questão da veracidade e da mentira. A advertência nele contida, reflete a atitude da "corrente realista" com relação às virtudes convencionais.
O realismo político não deve ser entendido como uma visão cínica da política, uma postura "maquiavélica", como se costuma dizer, ou como uma visão depravada da política. A desconfiança e o ceticismo para com as virtudes, que são convencionalmente adotadas, não são gratuitas.
Elas provêm de uma concepção filosófica, que postula a existência de uma insuperável descontinuidade, entre as diferentes esferas da vida humana. Assim, o que é virtude na esfera individual e familiar, tende a tornar-se em defeito na esfera social, e inversamente.
Trata-se do famoso "paradoxo de Mandeville" (Fábula das abelhas): vício privado = bem público; virtudes privadas= vícios e malefícios públicos.
Assim, a virtude das mulheres de "boas famílias" da cidade portuária de Antuérpia (uma virtude privada), segundo Mandeville, é protegida, em grande medida, pela existência dos bairros onde se pratica a prostituição (malefício público), sobretudo numa cidade onde, a todo o momento, chegam navios de todas as partes do mundo, carregados de marinheiros.
O mesmo "paradoxo" já havia sido explorado por Maquiavel em O Príncipe, ao se referir a questões como: ser amado, misericordioso, fiel à sua palavra, liberal etc. Em todos estes casos, segundo Maquiavel, a virtude privada, quando aplicada à esfera pública, tende a produzir o resultado oposto. O príncipe que deseja ser amado, é desprezado; o liberal, torna -se mesquinho; o misericordioso é percebido como fraco; e o que é rigoroso ao manter sua palavra, será levado a mentir mais que qualquer outro para manter-se no poder.
Para Maquiavel, o político que é rigoroso ao manter sua palavra, será levado a mentir mais que qualquer outro para manter-se no poder A advertência ilustrada pelo título da coluna, é um exemplo a mais do que esta linha de pensamento recomenda ao político, como exercício de prudência política. Nada requer mais cuidado do que lidar com a verdade e a mentira. O alerta é categórico, ele não recomenda mentir, "Não minta". Mas é igualmente categórico ao qualificar o quanto se deve contar da verdade "Mas não conte toda a verdade"!



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