MULHERES QUE SE APAIXONAM POR CRIMINOSOS
(Claudia Izique; Jerson)
MULHERES QUE SE APAIXONAM POR CRIMINOSOS
As mulheres se apaixonam por criminosos, atraídas pelo glamour da vida de delitos de seus companheiros, que desafiam as regras e as leis, ou com o objetivo de recuperá-los. Elas simplesmente vivem uma miséria sentimental.
A catarinense Jussara Gomes, 60, graduada em História e Geografia, correspondeu-se durante três anos com Francisco de Assis Pereira, conhecido como o Maníaco do Parque. Ele cumpre pena no presídio de Itaí, a 290 quilômetros de São Paulo, acusado de torturar, violentar e matar oito jovens, entre 1997 e 1998. Jussara casou-se por procuração em 2005.
Encontram-se só no parlatório, já que Francisco não tem autorização para receber visitas íntimas. Esses encontros, no entanto, não são tão freqüentes como ela gostaria. "Eu pedi para ela não vir. Acho que há outras coisas a serem priorizadas, como minhas causas jurídicas", explicou Francisco em entrevista ao jornal Diário de S.Paulo em 2005.
Sobre Jussara, sabe-se apenas que ela conheceu o Maníaco do Parque quando, já na condição de criminoso, ele ganhou as manchetes dos jornais e da TV. Sua dedicação a um assassino serial, no entanto, ilustra o que se convencionou chamar de "amor bandido". Pouco se sabe também sobre essa modalidade de paixão, que mobiliza tantas mulheres a percorrerem centenas de quilômetros e a se colocarem enfileiradas durante horas nas portas dos presídios, em troca de alguns momentos ao lado de um homem condenado pela justiça por crimes violentos - muito deles contra mulheres -, mas a quem elas chamam de "meu amor".
No dia 3 de janeiro deste ano, em uma cerimônia simples e sem que os noivos pudessem se tocar, já que estavam separados por um vidro, a estudante de Direito Cynthia Giglioli da Silva, de 30 anos, casou com Marcos Willians Camacho, o Marcola, líder da facção criminosa PCC, de 38. A noiva, parentes, a escrivã e o juiz chegaram às 10 horas ao presídio de segurança máxima de Presidente Bernardes, no interior de São Paulo, a bordo de viaturas policiais. O casal namorava havia mais de oito anos e Cynthia esteve presa, em 2005, acusada de ter recebido uma mesada de R$ 15 mil do tesoureiro do PCC. Marcola cumpre pena de 44 anos de prisão por roubo a bancos.
A população carcerária de São Paulo é de 58.056 presos, 82,2% de sexo masculino, a grande maioria entre 18 e 34 anos. De acordo com as estatísticas da Secretaria da Administração Penitenciária do Estado de São Paulo, 56% são casados e 21% recebem visitas íntimas uma vez por semana.
Nos dias de visitas, as mulheres se aglomeram na porta dos presídios espalhados por todo o Estado. "Metade delas não acredita que o objeto da sua paixão tenha cometido o crime a ele atribuído. A outra metade afirma gostar deles mesmo assim", diz Gilmar Rodrigues, roteirista da TV Globo, que entrevistou 40 mulheres, esposas, namoradas ou apenas "pretendentes" de prisioneiros condenados por crimes seriais de estupro ou homicídio. O resultado dessa pesquisa está reunido no livro Amor e Morte - Mulheres dos Jacks. O nome "Jacks" do título remete ao famoso assassino serial inglês, Jack, o Estripador, mas, no caso, refere-se ao "apelido" atribuído a essa modalidade de criminoso nas prisões paulistas.
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