Resumo de Aprendiz de Feiticeiro

Aprendiz de Feiticeiro

Amy Wallace, a autora do livro que conta as intimidades de Carlos castaneda, se classifica como uma de suas amantes no período em que ele já não conjugava mais com dom Juan Matus. Por volta de sua adolescência, conta-nos ela que conheceu Castaneda apresentada pelo próprio pai, o grande romancista Irving Wallace. Porém seu reencontro com o guru dos anos sessenta deu-se quando ela já era uma mulher feita. Daí pra frente viveu uma história de amor retratada em seu livro “Aprendiz de Feiticeiro”. Muito bem escrita é uma biografia não sabemos se encomendada ou fruto de uma versão completamente verídica. O que um escritor escreve sempre é uma incógnita para o leitor, pois tudo pode ser e a verdade é algo que sempre assombra os pesquisadores e historiadores porque é dos vestígios e registros em que eles se baseiam evidentemente com uma pitada de inferência na maioria das vezes para retratar um fato histórico.
Assim sendo, jamais saberemos se o que Castaneda escreveu foram fruto de suas experiências ou criação de uma mente brilhante de escritor. Como pesquisador de sua obra, acredito nele, mas isto não pode ser base para os demais. Contudo, ao ler o livro de Amy, não nos capítulos introdutórios, mas ao longo deles fui percebendo que havia uma espécie de denúncia no enredo da estória. Parecia que ela mostrava o lado frágil de Castaneda, além de desdizer suas colocações em sua vida de guerreiro confiada por Dom Juan. Da metade do livro ou algo assim, ela passa a ser uma detratora fiel contra Castaneda e, sobretudo dos conteúdos de sua obra. Ela o coloca diante de seu público como um canastrão e um conquistador inveterado. Falam da vida particular de sua família, os Wallaces, contando histórias envolvendo a vida sexual de sua mãe com um médico da família e de particularidades outras que levam a duvidar de qual seria o real caminho que ela quer que o leitor chegue.
Sobre Castaneda, todos os leitores que realmente o entenderam, sabem que um dos itens que Dom Juan defendia era criar um rastro de nuvem na história pessoal de um bruxo. Castaneda havia recebido todos os ensinamentos do bruxo dom Juan, portanto era um bruxo tal qual seu benfeitor. Então, anos depois de sua misteriosa morte que ninguém, excetuando suas guerreiras e poucos que conviviam com ele, viram chega ao mercado literário Amy Wallace dizendo ter convivido com ele e fazendo o maior empenho em seu livro em referir-se a morte de Castaneda como um fato consumado na vida dos comuns, fazendo questão de esfregar na cara do leitor o atestado de óbito de Castaneda. Foi mais longe, afirma que suas guerreiras, as mulheres que conviviam com Castaneda e eram suas aprendizas, provocaram suicídio em massa após sua morte por não suportarem a morte comum dele, naturalmente contrariando o esperado, isto é, que Castaneda realizasse o grande feito de seu benfeitor Dom Juan e seu mestre Dom Genaro flores: A VIAGEM DEFINITIVA.
Ora, nunca se saberá ao certo, pois de Castaneda não sobraram nem as cinzas e o corpo dele ninguém viu em massa para poder dizer ao mundo o que aconteceu. O fato é que ele passou sua vida inteira apagando sua história pessoal. Pode muito bem ter escrito este livro com Amy para sugerir que sua morte foi algo comum e ela como uma boa escritora lançou muitas dúvidas nos leitores de Castaneda. Seria mais uma investida inteligente desse bruxo que poucos conheceram na intimidade? A dúvida sempre existirá, mas não fere em nada seu legado cujas experiências estão caindo no ostracismo por falta de alguém ou um segmento que traga à tona quem realmente foi Castaneda e dom Juan. O que estes homens faziam no deserto de sonora lá pelos idos dos anos sessenta? Não vamos esperar que Amy Wallace nos diga, pois seu texto parece enfático em direcionar o leitor a acreditar que tudo não passou de uma falácia e que Castaneda era mesmo um empresário que vendia estórias e apenas ministrava os cursos sobre os passes mágicos. E sobre o atestado de óbito dele, sabemos que no mudo capitalista documentos podem ser forjados ainda mais com o dinheiro que ele tinha.

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