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A Conquista Da Américavista Pelos Índios. Relatos Astecas, Incas E Maias
(Miguel León-Portilla)

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Segundo León Portilla, a memória indígena "da Conquista" para os sobreviventes significou mais que uma tragédia: a recordação passou a ser um trauma.
Para cada uma das três culturas americanas, o modo como foi empreendida a conquista significou um violento choque sentidos de modos diferentes em cada uma delas.
Para os astecas, a conquista foi traumática. Em princípio do século XVI, o povo asteca alcançava o seu máximo desenvolvimento e esplendor - considerados o "Povo do Sol", eram eleitos do deus da guerra, Huitzilopochtli, e, enquanto seus guerreiros conquistavam territórios, homens vindo do além mar estavam dispostos a empreenderem a sua conquista.
Confundindo primeiramente os espanhóis com o grande Senhor dos astecas, Quetzalcóatl, e os outros deuses que retornavam para tomarem seus lugares no templo, o engano desfez-se quando houve a matança no templo maior. O povo asteca que a princípio acreditava que aqueles homens eram deuses, ao verem o modo como aqueles estranhos comportavam-se, sua cobiça por ouro e sua fúria, mudaram de opinião: os estrangeiros não eram deuses, mas pololocas ou bárbaros.
Um outro fator importante que acentuou ainda mais o trauma da conquista foi quanto aos terríveis presságios que cada um daqueles povos, mexicanos e andinos, haviam previsto. A idéia do final dos tempos tornou-se real quando apareceram aqueles homens estranhos montados em monstros de quatro patas.
Com relação à conquista maia, o fato de já ter havido oito anos antes da chegada de Cortés um encontro entre espanhóis e americanos, serviu de prenúncio para o que haveria de acontecer mais tarde. A preocupação milenar de indicar datas de cada acontecimento tornou "sabido" e "aceito" a idéia de que ter estrangeiros em terras maias significava a ruína de sua cultura.Mas o modo de como foi empreendida a conquista dos maias difere daquela levada à efeito junto aos astecas. Primeiramente, os estados maias submetidos à conquista foram aqueles que se encontravam nas terras altas de Chiapas e Guatemala, e somente anos mais tarde é que Yucatán haveria de ser conquistada. Essa demora na conquista da capital maia deu-se porque chegavam
notícias sobre a abundância de ouro que existia nas terras peruanas, e estas faziam desanimar as tropas espanholas situadas no México.
Os maias das terras altas da Guatemala assim como os astecas e os incas, acreditaram inicialmente que os estrangeiros eram deuses, porém os maias de Yucatán não acreditaram na divindade dos espanhóis. Os testemunhos maias da conquista refletem o que o autor chama de "visão filosófica da Conquista", pois o juízo condenatório dos sacerdotes e sábios maias sobreviventes se fundamenta em razões. Os maias condenaram os estrangeiros porque contradiziam-se em suas pregações e na maneira de agirem e comportarem-se com os índios.
Os incas por sua vez, consideravam-se assim como os astecas o "Povo do Sol" e do mesmo modo, sua área de domínio estendia-se por muitos quilômetros. Os incas no período da conquista estavam em pleno desenvolvimento político e econômico, e a dominação espanhola foi uma surpresa para aquela gente.
Os quéchua assim como os maias e os astecas, em um primeiro momento, acreditaram que aqueles homens estranhos eram os deuses que regressavam, que se tratava de Huiracocha e seus acompanhantes. Porém, quando ficou claro que os espanhóis não eram divindades, que eram homens ávidos por ouro e poder, uma outra idéia se apresentou: a presença daqueles estrangeiros significava o fim do antigo modo de vida andino. Embora os incas tenham resistido por aproximadamente quarenta anos, a convicção da derrota por fim tornou-se sólida.
O que restou dessas três culturas foram apenas testemunhos cheios de angústia e tristeza. Para cada uma das três civilizações, a memória da conquista teve um significado diferente. Para os astecas o resultado da conquista foi um profundo trauma, para os maias um acontecimento inevitável que tinha data marcada para acontecer, e para os incas, algo pelo qual valia à pena resistir, de forma dramática e surpreendente, durante quase quarenta anos.


LEÓN-PORTILLA, Miguel. A conquista da Américavista pelos índios. Relatos astecas, incas e maias. Petrópolis: Vozes, 1984



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