O Violino (2006)
(Francisco Vargas)
Na 30ª Mostra Internacional de Cinema (2006), o tema: cinema político. Rastreando a lista de películas, entre italianos dos anos 60 (Feios, Sujos e Malvados; Os Subversivos) e produções contemporâneas, eis que surge um longa mexicano, aparentemente um alvo digno de visita (:-.)
O Violino (El Violín) de Francisco Vargas, conta a história de um vilarejo em confins do México que abriga um grupo de rebelados contra um governo opressor. O pai de um dos rebelados, um velho violinista, se vale de sua arte para recuperar as armas dos insurgentes, escondidas no local (:-..) A arte (o oprimido) vence a guerra (o opressor)? Mas o diretor não se rende a abordagem tão singela, pelo contrário, como pedem os tempos, o desenrolar segue cheio de nuances, a ponto de questionarmos se o velho não teria sido o responsável pela tragédia final (;).
Um belo libelo pacifista, conduzido com sensibilidade, (demasiada) sensibildade a nossos olhos, afeitos a cacetadas mais retumbantes. Faltou o impacto devastador de um Nascido em 4 de Julho (uma bomba atômica) ou de um Em Nome do Pai (um míssil), verdadeiros socos no estômago, que derrubam o mais inerte expectador da cadeira. Quando muito, aqui se compara ao efeito de uma granada de mão, na cena inicial da tortura e estupro coletivo, após o qual a história entra no piloto automático e segue sem maiores solavancos (K)
Como nota de rodapé, cabe o registro da presença dos dois atores principais entre o público, se apresentando antes da projeção e, ao final, performando belo dueto de violão e violino, causando aplausos e bravos da platéia. Como diria, abaixamos nossos fuzis, os colocamos debaixo dos sovacos e aplaudimos, em pé, como não? E ao cabo da contagem de mortos e feridos, como resultado, temos um belo espetáculo para os olhos e para a alma, ainda que, como artefato bélico, seja apenas um tiro de espingarda.
27/12/07
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