Gestão da informação para a organização inteligente. A arte de explorar o meio ambiente
(Chun Wei CHOO)
CHOO, Chun Wei - Gestão da informação para a organização inteligente. A arte de explorar o meio ambiente. Lisboa: Caminho, 2003. O livro de Chun Wei Choo publicado em Portugal em 2003 é uma das obras de referência sobre o modo como as organizações devem gerir processos informacionais de forma a alargar o seu conhecimento e a adaptarem-se com sucesso ao meio envolvente. Encontra-se na sua 3.ª edição em língua inglesa, a primeira das quais datada de 1995. Choo, professor associado da Faculdade de Estudos de Informação da Universidade de Toronto é um dos mais reputados investigadores da temática e autor de vários livros, entre os quais “The Knowing organization” (1998), bem como de um site onde se encontram dados complementares sobre si e a sua produção científica (cf. http://choo.fis.utoronto.ca/ ). O impulso da tradução da obra para português deve-se a Zita Correia, responsável pelo prefácio da edição nacional, investigadora e docente empenhada na afirmação da área dos Estudos de informação no país. A obra estrutura-se em oito capítulos, para além de um prefácio original, bibliografia e índices de nomes e assuntos. No prefácio, o autor parte de conceitos e pressupostos básicos na área da gestão da informação e da teoria das organizações, para realçar a importância dos recursos informacionais no desenvolvimento de organizações inteligentes. Traça, depois, o percurso da sua argumentação ao longo do livro e a lógica da sua construção. No primeiro capítulo define o que entende por organizações inteligentes, capazes de recolher informação acerca do ambiente interno e externo, memorizá-la e interpretá-la para criar ou alargar conhecimento, destinado principalmente a resolver problemas, melhorar comportamentos e garantir a vida da organização num ambiente hostil e incerto. O conhecimento em questão pode ser implícito, explícito ou associado à cultura organizacional. Para Choo, a organização inteligente é especialista em “revigorar continuamente o seu conhecimento em todas as três categorias” (pp. 42-44) e capaz de aprender a partir de experiências passadas, mas também acerca do futuro. Para tal, necessita de estruturar convenientemente um conjunto de processos de informação. Estes são o objecto principal do segundo capítulo, no qual aquele autor apresenta o seu modelo processual de gestão da informação necessária à aprendizagem organizacional. O modelo assenta em seis processos-chave: identificação de necessidades de informação, aquisição, organização e armazenamento, desenvolvimento de produtos e serviços (centrados no cliente), distribuição e utilização da informação, particularmente com vista à criação de conhecimento e à tomada de decisão. No capítulo seguinte explora o papel central dos gestores nos sistemas organizacionais, definindo o seu comportamento informacional (não é frequente manterem ou usarem sistemas globais para organizar e armazenar informação; nem sempre se servem desta de uma forma completa, para a tomada de decisão; desconhecem frequentemente problemas similares detectados anteriormente; dependem muito da memória e da intuição pessoal; etc.). Analisa ainda a função que estes podem ter na passagem do “feudalismo da informação” ao “federalismo”, nas suas organizações, particularmente na implementação de uma cultura de partilha dos recursos informacionais. O quarto capítulo assume uma certa centralidade na obra, procurando destacar a componente crítica da exploração do meio no fornecimento de informação para a interpretação organizacional, apresentado como o melhor modo de fazer face à incerteza do ambiente. Salienta ainda a importância da ligação entre esta actividade e o processo de planeamento estratégico. O capítulo seguinte apresenta estudos de caso de sucesso, em vários países, referentes à exploração do meio ambiente e ao seu contributo para a aprendizagem das organizações. Estes estudos permitem concluir que a exploração deve integrar-se num processo formal e contínuo emque os utilizadores se devem assumir também como fornecedores de informação e que deve ser complementado com outras componentes do modelo processual referido por Choo (organização, armazenamento, distribuição da informação, etc.). O capítulo seis assenta numa perspectiva holística da escolha e utilização das fontes de informação, em que estas se alimentam continuamente umas às outras, em cadeia (fontes em linha; fontes publicadas; fontes humanas externas; documentos internos; fontes humanas internas e utilizador da informação). O autor sublinha a preferência dos utilizadores pelas fontes humanas, sobretudo as que se encontram nos pontos mais altos da cadeia e particularmente em situação de maior nível de incerteza ou de necessidade de resposta imediata. Neste contexto, Choo refere a necessidade das organizações terem uma política integrada de gestão de documentos (a tradução propõe, erradamente, a expressão ”gestão de registos”) e de arquivos, bem como de bons sistemas de indexação de documentos internos. O penúltima capítulo, um dos mais actualizados, o autor destaca a importância da informação on-line e da sua partilha para a exploração ambiental. A última parte da obra assenta numa leitura sistémica da realidade e apresenta a gestão da informação como a base mais sólida para a exploração ambiental e a construção da inteligência organizacional. Propõe um núcleo central para coordenar “as correntes díspares de informação e de análise produzida na organização”, bem como o uso de diversos tipos de fontes de informação, a controlar de modo sistemático, num cenário de parceria e colaboração entre peritos técnico-científicos, da informação e das tecnologias da informação, no qual todos têm a ganhar (pp. 297-301). Recensão completa em "Cadernos BAD", (2), 2003, pp. 109-112.
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