Lesões por Esforços Repetitivos
(Rober)
Com o advento da revolução Industrial, quadros clínicos decorrentes de sobrecarga estática e dinâmica do sistema osteomuscular, tornaram-se mais numerosos. No entanto apenas a partir da segunda metade do século, esses quadros osteomusculares adquirem expressão em número e relevância social, com a racionalização e inovação técnica na indústria, atingindo particularmente perfuradores de cartão (Nakaseko e cols. 1982). Esses autores explicam a disseminação da prevalência das Lesões por Esforços Repetitivos (L.E.R.), pelo aumento da carga do trabalho contínuo resultante da disseminação do uso de sistemas de esteiras; aumento do trabalho manual requisitando movimento dos dedos bem como movimentos repetitivos dos membros superiores: inadequação dos mobiliários; controle estrito do trabalho pela gerência e diminuição de pausas e tempo livre. Entre outros países que viveram epidemias de L.E.R. estão a Inglaterra, os países da Escandinávia, Estados Unidos e Austrália (Rocha, 1989; Kuorinka e Koskinem, 1979; Kivi, 1984; Stone, 1987). A ocorrência das L.E.R. em grande número de pessoas em diferentes países provocou uma mudança no conceito tradicional de que o trabalho pesado, envolvendo esforço físico é mais desgastante que o trabalho leve, envolvendo esforço mental, com sobrecarga dos membros superiores e relativo baixo gasto de energia. Há que se lembrar de que ao contrário de previsões feitas na década de 80, a incidência de L.E.R. vem aumentando nos países industrializados, nos quais as características da organização do trabalho de forma geral privilegiam o paradigma da alta produtividade e qualidade do produto em detrimento da preservação do trabalhador, devido a inflexibilidade e alta intensidade de ritmo, grande quantidade e alta velocidade de movimentos repetitivos, falta de autocontrole sobre o modo e ritmo de trabalho e equipamentos ergonomicamente inadequados e desconforto térmico. As lesões por Esforços Repetitivos no Brasil, foram primeiro descritas como tenossinovite ocupacional. Campana et al (1973) apresentam, no XII Congresso nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho, casos de tenossinovite Ocupacional, em lavadeiras, limpadoras, engomadeiras, recomendando que fossem observadas pausas de trabalho daqueles que operam intensamente com as mãos. A partir de 1985, surgem publicações e debates sobre a associação entre tenossinovite e o trabalho de digitação (Fundacentro, 1986; Maciel, 1986 carvalho et al, 1986; Rocha et al, 1986; Eugênio et al, 1986; Eugênio et al, 1987; Silva, 1988) que resultaram na publicação da Portaria número 4.062, em 06.08.1987, pelo Ministério da Previdência e Assistência Social reconhecendo a Tenossinovite como doença do trabalho. Nesta época, as CAT’S (Comunicações de Acidentes do Trabalho) de tenossinovite registradas no INSS concentravam-se na função de digitadores (Rocha, 1989). Posteriormente observou-se no Brasil o surgimento de casos em diferentes ocupações. Por exemplo, em 1991 o Núcleo de Saúde do Trabalhador INSS/SUS/MG (Oliveira, 1991) registrou casos de Lesões por Esforços Repetitivos nas seguintes funções: digitador, ajudante geral em indústrias, ajustador mecânico, classificador de azulejo, auxiliar de produção, controlador de qualidade, embalador, enfitadeira, montador de chicote, montador de tubos de imagem, operador de máquinas, operador de terminais de vídeo, auxiliar de administração, auxiliar de contabilidade, operador de telex, datilógrafa, pedreiro, secretária, técnico administrativo, telefonista, auxiliar de cozinha e copeira, comprador, securitário, eletricista, escriturário, operadores de caixa, recepcionistas, faxineira, auxiliar técnico de laboratório, viradeira e vulcanizador.
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