TIÃO E AS ABELHAS
(RONALDO MATTOS)
Tião dedicado apicultor ainda sem todos os conhecimentos que o fizesse despreocupar, mas experiente o bastante para capturar abelhas em locais que exigiam maior cuidado, certa ocasião fora retirar um enxame no quintal de um hospital, ao lado do cemitério da cidade onde morava. Tendo esperado que os alto-falantes da igreja, anunciasse toda a manhã sobre falecimentos, na falta de anúncios, se dirigiu por volta das 14 horas para o cemitério, onde foi observar a colméia no barranco; uma bacia aberta, coberta pelo capim alto, o qual o afastou, quando em instantes o alto-falante anunciou a morte de um cidadão muito popular, com o velório no cemitério o e a população do bairro onde o cidadão morava, ali perto e toda a cidade começou a se dirigir para o velório. As abelhas ficaram furiosas, pareciam mais ferozes que o comum e Tião se afastou rapidamente dali beirando a cerca. Não era caso de rir, mas aconteceu de repente algo que achou mesmo muito engraçado e por pouco não deu uma risada, procurando não deixar transparecer a quem se aproximasse, para respeitar o ritual que acontecia envolvendo os visitantes: Dois jovens que subiam a rampa do velório quase em frente às abelhas ao irem se aproximando e verem alguém vestido com aquela roupa diferente; o apicultor com o macacão que não dava pra identificar imediatamente, se confundindo com um escafrandista mergulhador, ou astronauta naquela hora confusa, o garupeiro ao se aproximar tentando descobrir o que era aquilo, provavelmente enquanto pensava no senhor tão popular que perecera, descobrindo o perigo que de repente poderiam a passar a se expor, exclamou como que num grito de terror, com a voz que parecia a de uma alma penada só uma palavra: Aabeeelhaaaaaaas.O motoqueiro alertado acelerou rapidamente deixando pra trás o perigo. Tião ainda caminhou muitos passos ao lado da cerca, quase chegando perto das pessoas que subiam a rampa pela mão de subida dos pedestres, já que as abelhas o seguiram por uma centena de metros, até que pode tirar o macacão o mais disfarçadamente possível, para não assustar as pessoas que chegavam para velar o morto. Voltou alguns dias depois para retirar o enxame que no dia estava calmo, e pode captura-lo com grande facilidade até à tardinha quando todas as abelhas se juntaram na caixa de favos colocados nos quadros presos a gominhas, e pode transporta-las ao cair da noite para o apiário que formava em seu terreno. Daí a alguns dias Tião vinha pela mata de manhã. O sol já estava trazendo uma ensolarada e confortável amena claridade. Olhava para as árvores, pois em sua cidade bem arborizada com matas em volta de reserva natural, poderia ver alguma colméia nas mesmas que tivesse alguma facilidade para capturar as abelhas e quem sabe conseguir mel, cera e própolis para aumentar seu pequeno apiário, tendo conseguido alguns lugares quando menos esperava, mas naquele dia, impressionante: aconteceu o que não se podia imaginar e se contasse parece que ninguém acreditaria, mas o que viu foi inusitado. Ao direcionar os seus olhos para uma seringueira quase no centro da cidade, onde os pássaros e animais se escasseavam pela presença de casas e gente circulando, não esperando ver nem mesmo algo muito diferente, ouviu de repente um rufar de asas vindo de trás e muitos piados de pássaros, que ao prestar atenção descobriu serem de quatro a seis passarinhos que perseguiam um gavião o qual na certa teria invado os seus ninhos para roubar ovos e devorar seus filhotes, quando o gavião para fugir a perseguição despistando os pássaros, entrou no meio das galhas e folhagens da seringueira aumentando o barulho com o bater de suas asas contra as folhas. Logo à frente nos vários cipós que se entrelaçavam no alto da árvore caindo ao longo da mesma estava um macaco mico soim, que dependurado no cipó, ao ver o gavião avançar sobre ele sem entender aquilo, de susto atacou o gavião, que teve as penas do rabo arrancadas pelo mico, e ao voar por mais um metro olhava pra trás sem saber se corria dos pássaros ou ia a forra com o macaco por ter ficado surecado. Tião olhava surpreso e atento pensando o que iria acontecer naquele rolo, e o que viu fê-lo disparar uma gargalhada, pois seria a ultima coisa que imaginava pudesse acontecer em seguida: O macaco como que ao perceber que a briga do gavião era com os passarinhos, e se apanhando com as penas na mão fez uma cena imemorável. Olhando despistadamente para os lados como se não estivesse ali, tratou de assoprar a mão das penas que voaram a sua volta se desfazendo das mesmas enquanto agarrava a outra mão no cipó, o mais rápido possível tentado transparecer, com um olhar meio que aflito, e ao mesmo tempo perdido de ingenuidade, que não tinha nada a ver com as penas do gavião e o que estaria acontecendo por ali. Em seguida todos desapareceram na mata, que retornou a calma natural em alguns instantes. Estava procurando abelhas as quais encontrou em alguns enxames em poucos dias, mas aquele dia que vira um macaco parecer gente sabia que nunca mais iria esquecer.
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