AVALIAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
(JUSSARA MARIA LERCH HOFFMANN)
A maioria das discussões em torno do termo avaliação é a tentativa de definição do significado primordial de sua prática na ação educativa.
Observa-se, que os estudos realizados ainda se detêm prioritariamente, nos modelos e metodologias da avaliação tradicional. Os estudos em avaliação importam-se, sobretudo em estabelecer críticas e paralelismos entre ação avaliativa e diferentes manifestações pedagógicas deixando, entretanto de apontar perspectivas palpáveis ao educador que deseja exercer a avaliação em favor da educação. As investigações da autora sobre avaliação sugerem que a contradição entre o discurso e a prática de alguns educadores e principalmente, a ação classificatória e autoritária, exercida pela maioria, é reflexo de sua estória de vida como aluno e professor.
A AVALIAÇÃO: UM MONSTRO DE VÁRIAS CABEÇAS
Os educadores percebem a ação de educar e a ação de avaliar como dois momentos distintos e não relacionados.
A dicotomia educação e avaliação, é uma grande falácia. É necessária a tomada de consciência e a reflexão a respeito desta compreensão equivocada de avaliação como julgamento de resultados porque ela veio se transformando numa perigosa prática educativa.
A avaliação é essencial à educação. Inerente e indissociável, enquanto concebida como problematização, questionamento, reflexão sobre a ação.
CONFIGURAÇÕES TEÓRICAS
A avaliação, na perspectiva de construção do conhecimento, parte de duas premissas básicas: confiança na possibilidade dos educandos construírem suas verdades e valorização de suas manifestações e interesses.
AVALIAÇÃO: MITO E DESAFIO
Do ponto de vista da autora configura-se a avaliação educacional, em mito e desafio. O mito é decorrente de sua estória que vem perpetuando os fantasmas do controle e do autoritarismo há muitas gerações. A desmitificação, por outro lado, ultrapassa o desvelamento dessa estória e a análise dos pressupostos teóricos que fundamentam a avaliação até então. O maior dentre os desafios é ampliar-se o universo dos educadores preocupados com o fenômeno avaliação, estender-se a discussão do interior das escolas e toda a sociedade. Temos o compromisso de construir outra estória para as futuras gerações, descaracterizadas da feição autoritária que ainda a reveste, em busca de uma ação libertadora.
UMA CONCEPÇÃO EM DISCUSSÃO
No aprofundamento da questão referente à concepção de avaliação pelos elementos da ação educativa, a autora promove discussões entre professores em torno de algumas estórias narradas em cursos e encontros.
Essas discussões contribuem para a análise da hipótese apontada inicialmente pelos educadores concebem a avaliação.
DESAFIANDO O MITO
A avaliação nessa perspectiva, deverá encaminhar-se a um processo dialógico e cooperativo, através do qual educandos e educadores aprendem sobre si mesmo no próprio ato da avaliação.
As relações de poder que se travam em nome dessa prática são reflexos de uma sociedade liberal e capitalista, que se nutre de exigências burocráticas para mascarar o seu verdadeiro descaso com a educação em todos os níveis.
O USO EQUIVOCADO DOS TESTES
O teste é entendido com instrumento de constatação e não de investigação.
A INJUSTIÇA DA PRECISÃO
A ação avaliativa de acompanhamento e reflexão necessita de consistência metodológica. A elaboração de testes válidos é uma tarefa complexa que exige domínio da tecnologia de testes e da área de conhecimento em questão.
AVALIAÇÃO ENQUANTO MEDIAÇÃO
O que a autora pretende introduzir nesse texto é a perspectiva da ação avaliativa como uma reorganização do saber. Professor e aluno buscando coordenar seus pontos de vista, trocando idéias, reorganizando-as.
Se transferirmos essas considerações para a ação de avaliação, poderemos vislumbrá-la nessa perspectiva, ou seja a ação avaliativa, enquanto mediação, se faria presente, justamente nesse interstício de conhecimento do aluno e a etapa possível de produção, por ele, de um saber enriquecido, completamente.
FAZER E COMPREENDER
Compreender não significa repetir ou memorizar, mas descobrir as razões progressivas nas noções.
CORRIGIR, POR QUÊ?
A questão que deve ser feita é se tal correção favorece a compreensão e o desenvolvimento da autonomia dos alunos. Os erros cometidos pelos alunos sofrem sérias penalidades e tendem a permanecer sob forma de dificuldades.
LINHAS NORTEADORAS
Em busca de concreticidade desses princípios, a autora aponta algumas linhas norteadoras de avaliação numa perspectiva mediadora:
* Conversão de métodos de correção tradicionais em métodos investigativos, de interpretação;
* Privilégio à tarefas intermediárias e sucessivas em todos os graus de ensino;
* Compromisso do educador com o acompanhamento do processo de construção do conhecimento do educando.
OS ELOS DA CORRENTE: OBSERVAÇÃO E REFLEXÃO
Essa disponibilidade pressupõe reflexão e ação permanentes, uma oportunização de vivências enriquecedoras através das quais a criança possa ampliar suas possibilidades de descobrir o mundo, um adulto disponível a conversar e trocar idéias com ela.
POR UMA AÇÃO LIBERTADORA
Parece que as lutas assumidas em favor da educação das classes populares vêm encaminhando a atenção dos educadores para significado de sua prática avaliativa.
AVALIAÇÃO NA PRÉ-ESCOLA?
O que se pretende na pré-escola fundamentalmente é um ambiente livre de tensões e limitações. Educadores disponíveis concretamente a acompanhar e oportunizar vivências enriquecedoras.
Os professores estão por demais preocupados com suas metodologias. No entanto, de nada valem as orientações metodológicas se não estiverem fundamentadas em uma concepção libertadora de avaliação.
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