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Pequei, senhor, mas não porque hei pecado
(Gregório de Matos)

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SONETO – Gregório de Matos

1 Pequei, Senhor, mas não porque hei pecado, (A)
2 Da vossa piedade me despido, (B)
3 Porque quanto mais tenho delinqüido, (B)
4 Vos tenho a perdoar mais empenhado. (A)

5 Se basta a vos irar tanto um pecado, (A)
6 A abrandar-vos sobeja um só gemido, (B)
7 Que a mesma culpa, que vos há ofendido, (B)
8 Vos tem para o perdão lisonjeado. (A)

9 Se uma ovelha perdida, e já cobrada (a)
10 Glória tal, e prazer tão repentino (b)
11 Vos deu, como afirmais na Sacra História: (c)

12 Eu sou, Senhor, a ovelha desgarrada (a)
13 Cobrai-a, e não queirais, Pastor divino, (b)
14 Perder na vossa ovelha a vossa glória. (c)

O soneto acima divide-se em dois quartetos, com rimas interpoladas (ABBA); e dois tercetos com rimas emparelhadas (abc).
Apresenta, como característica marcadamente barroca, o HIPÉRBATO (a inversão da ordem natural das palavras ou das orações).
Sob a aparência de uma prece, o eu lírico, logo no primeiro verso do soneto, se afirma pecador (“Pequei”) perante Deus (Apóstrofe: “Senhor”) porém não como resultado da descrença (versos 1 e 2), mas como se o pecar fosse uma atitude inerente ao ser humano que, definitivamente, o liga a Deus em função de gerar a cada pecado uma nova necessidade de perdão (versos 3 e 4).
Na segunda estrofe, o eu lírico prossegue na busca pelo perdão, esclarecendo que não só o pecador mas também Deus, se beneficia com este ato (versos 7 e 8). As antíteses presentes nesta estrofe fortalecem esta idéia que é retomada no primeiro terceto onde surge também um intertexto com a “Sacra História” (perífrase = Bíblia) destacando a alegria e a importância de trazer para o “rebanho” de fiéis a ovelha perdida (S. Lucas, cap.15, Parábola da ovelha e da dracma perdidas).
Na última estrofe, ainda mantendo a metáfora da ovelha perdida (pecador) e o intertexto bíblico, surge a idéia de que o pecador engrandece a Deus deixando-se perdoar (versos 13 e 14).
O eu lírico se posiciona, então, no mesmo patamar que Deus e coloca-o em xeque ao insinuar que, caso o pecador não seja salvo através do perdão, a glória do “Pastor divino” (perífrase = Cristo) estará ameaçada.



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