Fatores de risco para mortalidade em idosos
(MAIA; Flávia de O. M; DUARTE; Yeda A.O; LEBRÃO; Maria Lúcia; SANTOS; Jair L.F.)
Os autores objetivaram com este trabalho analisar fatores de risco para óbito em idosos, de maneira a auxiliar na elaboração de condutas preventivas de mortes prematuras. É recusada a idéia de prolongamento da vida a qualquer custo, embora a importância de evitar mortes associadas à falta de estrutura, assistência e recursos, assim como o comprometimento da qualidade de vida seja enfatizada.
O texto inicialmente contextualiza o leitor, expondo dados sobre o envelhecimento da população mundial e brasileira. O envelhecimento afeta países ricos e pobres, mas a rapidez do processo na América Latina e Caribe, na maioria em fase intermediária de transição demográfica, combinada com situações institucionais e econômicas desfavoráveis gera condições ainda mais complexas. É estimado que o Brasil esteja, em 2020, entre as sete maiores populações de idosos no mundo. É apresentado o estudo coordenado pela Organização Pan-Americana de Saúde, o Saúde, Bem-Estar e Envelhecimento (SABE). Os países que participam desse estudo que traça o perfil de idosos são Brasil, Chile, Argentina, Cuba, México e Uruguai. O conceito de fatores de risco é definido como condições predisponentes a um maior risco de desenvolvimento de evento específico relacionado à saúde, após determinado tempo. Os fatores de risco para óbito entre idosos são divididos entre imutáveis, sendo idade e sexo, e alteráveis, como hospitalização, déficit cognitivo, dependência nas atividades diárias, hábitos de vida, doenças como depressão e câncer, nível socioeconômico, auto-avaliação negativa da saúde, falta de suporte familiar e isolamento social.
O estudo é caracterizado como uma pesquisa transversal, descritiva e exploratória com abordagem quantitativa, e a população estudada, composta pelos idosos residentes no Município de São Paulo, em 2000. Os dados foram colhidos por meio de entrevistas domiciliares, com instrumento composto de blocos temáticos. Foram extraídos dos questionários para análise dos fatores de risco para óbito variáveis agrupadas em seis blocos; informações pessoais, doenças referidas, assistência, estado e condições de saúde e atividades rotineiras.
Como resultado, foi constatado como principais fatores de risco a dificuldade de locomoção, idade igual ou superior a 75 anos, sexo masculino, auto-avaliação da saúde como má e dificuldade para ir ao banheiro.
Com a idade aumentam a dependência para a realização de atividades rotineiras, o risco de desenvolvimento de doenças crônicas e as taxas de mortalidade em ambos os sexos. Em países desenvolvidos, essa característica se repete. A idade, dentre os fatores analisados, foi considerada o melhor indicador de risco de morte. O sexo é também apontado como fator de risco, com maior suscetibilidade masculina, devido à maior exposição à riscos ambientais, ocupacionais, consumo de álcool e tabaco entre outros. Essa relação pode se igualar ou ser revertida no futuro por mudanças nos comportamentos e hábitos das mulheres. As doenças do aparelho circulatório, marcadamente as cardiopatia coronariana, correspondem à maior causa de óbito entre idosos, segundo estatísticas nacionais. A hospitalização foi citada no estudo como fator de risco por provocar perda de autonomia, além de agravos à saúde e declínio físico progressivo. A deterioração cognitiva, por depressão ou demência, compromete a capacidade funcional entre outros fatores, sendo considerado fator relevante para o risco de óbito entre idosos. As doenças do aparelho respiratório são caracterizadas como segunda maior causa de internações hospitalares estando entre as primeiras causas de óbito no Brasil.
A auto-avaliação da saúde, apesar de subjetiva, é mostrada no estudo como bastante acurada, com resultados semelhantes aos de avaliações objetivas de condições de saúde, e mostrou-se bastante importante, aumentando bastante o risco deóbito quando considerada má.
Os autores chamam a atenção para a necessidade de uma melhor organização dos serviços e assistência à população idosa e seus familiares.
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