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Teoria e Prática do Trabalho de Campo: alguns problemas
(Claudia Maria de Almeida Carvalho)

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Os desconfortos oriundos dos paradigmas relacionados aos antropólogos levaram a autora Alba Saluar a desenvolver uma reflexão sobre o projeto da antropologia de transformar os antropólogos em nativos deles mesmos.
No trabalho de campo etnográfico, o antropólogo busca recolher e entender o significado que tem para os nativos das ações, idéias, conversas informais, instituições etc. (encontro de subjetividades).
Mas, a atividade da pesquisa, da busca, da descoberta, teria o campo delimitado pela prévia solução do enigma ou do código decifrado, é como se tudo já estivesse resolvido antes mesmo de se começar a batalha do entendimento. O paradigma teórico se fecha e ameaça cortar as linhas de comunicação entre os pesquisadores. O observador termina de costas para o nativo atuante, pensante, que adere, hesita, opta, confunde-se, muda, recorre a estratégias para vencer. Acaba-se por construir uma estrutura estruturada, um sistema de signos decifrados. Não entra em pauta o processo de decisões e estratégias tomadas em meio a conflitos e acordos, vacilações e dúvidas, impulsos e racionalizações, valores e predisposições.
Outra questão: o antropólogo virar nativo. A pesquisa participante tem o mérito de questionar a finalidade dos trabalhos antropológicos e os benefícios que eles trazem para a infinita curiosidade da profissão. Mas vários problemas continuam sem solução quanto à posição do observador.
A prática ainda não distanciada e enriquecida pela reflexão pode levar o antropólogo a estar inadvertidamente legitimando lideranças dos locais observados, reforçando um tipo de retórica e um tipo de liderança que está longe de ser a única a mobilizar e a organizar o espaço público local. O pesquisador corre o risco de encampar o modelo estereotipado de participação democrática.
é necessário o pesquisador aprender a linguagem (o dialeto) dos observados mesmo que falem a mesma língua nacional do pesquisador, mas estes sempre encontram termos desconhecidos quando querem excluir o pesquisador da conversa. Por esta razão, é importante que o antropólogo conquiste sua participação no encontro, pois este é o seu objetivo prático e sua luta constante no campo. Tornar-se um aliado é necessário. Assim, a intersubjetividade é conquistada. Para isto o pesquisador se engaja num circuito de trocas que não se limita às mensagens das conversas e entrevistas. A autora comenta que em uma de suas pesquisas, notificou aos observados que haveria o registro de sua história em seu livro e isto marcou o seu relacionamento com eles.
Porém, a pesquisa não precisa trazer vantagens materiais imediatas para os nativos observados. Não é essa a questão que decide a participação deles na pesquisa.
Ao transformarmos os nativos também passiveis do sociocentrismo de seus modelos teóricos, não estamos no mesmo movimento rompendo com a dualidade absoluta que marca certa reflexão antropológica sobre o pensamento humano e o lugar do sujeito nele?
São as formas de comunicação ou interação falante-ouvinte, das quais o diálogo entre o pesquisador e o pesquisado é apenas uma, que importa registrar, estudar, analisar e entender. E criticar. Não se trata de restringir a pesquisa ao diálogo entre o antropólogo e o nativo ou de criar uma antropologia dialógica.
A autora afirma que os registros do antropólogo, seja ele um pesquisador participante ou um observador, podem atingir públicos distantes e inacessíveis, que não são desprovidos de pensamentos críticos ou autônomos, nem são ingênuos.O capítulo estudado revela que há uma intensa dificuldade numa pesquisa antropológica de campo, pois o papel do pesquisador é bastante delicado. Seu envolvimento com os pesquisados deve ser o de conquistá-los para melhor obter suas informações, mas o resultado de suas pesquisas deve ser uma reflexão crítica e distanciada para que não caia no lapso da inautenticidade, da distorção e da contaminação.



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