Resumo de ÚLTIMOS PARAÍSOS DO HOMEM

Calapalos (III e última parte) Descobriram um meio simples e seguro de eliminarem a dose mortal do ácido cianídrico nessas raízes castanhas e feculentas; - raspanam-nas até ficarem brancas como a neve. Depois de limpas esfregam-nas numa tábua de madeira eriçada de inúmeros espigões engenhosamente talhados com uma concha afiada. Com o auxilio de um filtro, o "tuavi", lavam a polpa em água fresca sobre um enorme recipiente de barro. O ácido cianídrico escorre totalmente para o recipiente e a polpa liberta o veneno e fica sobre o filtro em grossos grumos. Outro grupo de mulheres acendera o lume e colocara por cima uma placa de barro grande e redonda, sobre a qual haviam de alourar os bolos de mandioca . De uma das cabanas provinha o cheiro acre do peixe que assava numa grelha feita de varas ainda verdes, suportada por três varas apoiadas uma ás outras em pirâmide. Os homens são os responsáveis pela pesca e pelo desbravamento de novos campos, pescam com o arco e flecha metidos na água até aos joelhos, ou fazendo vir o peixe á tona com um veneno vegetal, o timbó, e apanhando-o com cestos. Os preparativos estavam no auge. Começou para os homens o dificil trabalho da pintura. Adornaram os corpos com desenhos cheios de fantasia, empregando urucu, óleo de pequi e carvão de madeira. Mas nem todos se deixavam arrastar pela febril actividade. Um pouco de parte sob um frondoso pequi, estava sentada uma velha india e com uma raspadeira feita de um bocado de cabaça guarnecida com dentes de esqualo, abria finos sulcos sangrentos na pele de um jovem indio. Sabia que o desenho que traçava iria emprestar força e energia interior, um outro desenho prometia a cura das feridas e o alivio das dores e outro ainda protegia do poder dos demónios. A escuridão baixou sobre o largo da aldeia na véspera da grande festa.. No dia da festa os convidadi«os reuniram-se no largo da aldeia. Os homens tinham entrgue ás mulheres os ricos adornos de penas e os colares de garras de jaguar ou de conchas. Abundantemente untados de óleo de pequi, os corpos reluziam ao sol, sentia-se no ar a tensão pois tratava-se do "huka-huka", a amistosa luta intertribal. De acordo com a tradição,a tribo que convidava desafiava as outras tribos. Os Calapalos tinham assim de combater contra todos os outros. Rodeados pela massa de espectadores que gritava entusiasmada, dois lutadores arremessavam-se um contra o outro, perdia o primeiro que assentasse as costas no chão. E os gritos incitantes de "huka-huka", ressoavam continuamente. Horas mais tarde, o aspecto do largo era desolador, o solo estava revolvido e os postes cobertos de uma espessa camada de poeira. Esgotados e esfomeados, os combatentes precipitaram-se sobre a comida preparada pelas mulheres. Dentro em pouco, em frente do pão de mandioca e do peixe fumado, marca-se a data da próxima festa "KWARUPS". Mundo Paradasíaco no Amazonas, encontrei-o tal como o descrevi, mas entretanto deu-se a catástrofe, com a construção de uma grande auto-estrada através do Brasil, a terra dos indios tornou-se, de repente, interessante para os especuladores de terrenos. Os indios barravam agora o caminho. Massacraram-nos horrivelmente aos milhares e ninguém sabe dizer se serão bem sucedidos os esforços tardios para preservar este paraíso - um dos últimos.

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