Lueji (o nascimento dum Império)
(Pepetela)
Neste livro são intercaladas duas «estórias» que estão reciprocamente ligadas, embora separadas por quatro séculos. Dum lado a vida de Lueji, que aparece devido ao simbolismo que representa para Lu, do outro a de Lu, narrada por um escritor, personagem do livro. Lueji pertencia a uma grande região africana chamada Lunda e à cidade de Mussumba que detinha o poder sobre várias outras comunidades adjacentes. No início do romance Lueji é obrigada a abandonar a sua querida infância, em que gozava das brincadeiras de rapazes iniciadas pela admiração ao irmão mais velho Tchinguri - possuidor de uma força que se destacava tanto pela sua habilidade de caçador como pela vontade de querer mudar os costumes e pela maneira se impor aos outros, que o temiam. Apenas esta sua amada irmã conseguia controlar as suas fúrias e saber como o vencer. Ela, Tchinguri e Chinyama, todos irmãos, pertenciam à linhagem da Grande Serpente criadora do Mundo. Pois a Tchinguri um dia deu-lhe uma fúria exacerbada e o pobre pai Kondi acaba por sofrer parricídio, este que era o actual governador. Lueji aqui torna-se a escolhida, contra todos os costumes, para governar de acordo com a vontade das derradeiras palavras do pai moribundo; pois nem em Tchinguri nem em Chinyama o pai consegue encontrar tais capacidades. Escolha acertada a do pai visto que Lueji tinha as capacidades indicadas para reinar; mas a partir daqui ela tem que lutar contra a ira que se vai despertando em Tchinguri, expulso pelo conselho de Tubungos, nobres que formaram os primeiros Lundas, de Mussumba. No entanto consegue fazer ceder o irmão, com o respeito que lhe fomenta o casamento de Lueji com Ilunga, vindo da tribo dos lubas. Mussumba resiste assim às ameaças. «Estória» passada em paralelo no romance mas quatro séculos mais tarde, Lu, bailarina efusiva, apercebe-se da sua paixão por Uli, o seu par na dança com quem ela sempre tinha tido uma ligação de irmão. No entanto, embora seja um amor correspondido, Uli não consegue ultrapassar o sentimento de irmandade que tornaria este amor em incesto. Enquanto isto, Lu sente o calor dos seus antepassados a despertarem do inconsciente. Começa então a pesquisar sobre a antiga Lunda e é aqui que se compreende a ligação que existe entre a história de Lueji e a de Lu. Lu interpreta a sua relação com Uli como sendo um espelho da relação de Lueji com Tchinguri, em que existe uma grande paixão mas uma impossibilidade ainda maior de essa ser satisfeita. Agarrando esta história, Lu e outras personagens transformam-na num bailado puramente nacional para impedir o Grupo de Dança « Kukina», que interpreta o bailado, de morrer.
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