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Estudo Autobiográfico, parte II
(Freud)

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Freud inicia a segunda parte de seu Estudo explicando que, apesar de ter lançado mão, por bastante tempo, da hipnose; o fez de maneira “não-ortodoxa”. Isso é, utilizou-a para descobrir, do paciente, a raiz de seus sintomas. A maneira com a qual chegou à elaboração desse novo método se dá depois que Freud trava conhecimento com o renomado Dr. Josef Breuer. Breuer o relata um de seus casos de histeria, tratado através de um método peculiar: “uma observação fortuita revelou ao médico da paciente que ela podia ser aliviada desses estados nebulosos de consciência se fosse induzida a expressar em palavras a fantasia emotiva pela qual se achava no momento dominada. (...) Ele a levava a uma hipnose profunda e fazia-a dizer-lhe, de cada vez, o que era lhe oprimia a mente. (...) Quando a paciente se recordava de uma situação dessa espécie de forma alucinatória, sob a hipnose, e levava até sua conclusão, com uma expressão livre de emoção, o ato mental que ela havia originalmente suprimido, o sintoma era eliminado e não voltava.” (pág.27) Freud se pondera, então, se o caso era passível de ser generalizado. Em parceria, Freud e Breuer escrevem um livro (que, segundo ele, é bastante descritivo e despretensioso): Estudos sobre a Histeria (1895). O conteúdo material do livro é, majoritariamente, de Breuer, e ele é basicamente um relato sobre a origem dos sintomas histéricos. Segundo Freud, “nos casos clínicos com que contribuí para os Estudos, os papéis sexuais desempenhavam certa função, mas quase não se prestou atenção a eles que a outras excitações emocionais. (...) Teria sido difícil adivinhar pelos Estudos sobre a Histeria a importância que tem a sexualidade na etiologia das neuroses.” (pág.29) Posteriormente, Breuer e Freud se afastam, principalmente porque o “trabalho ulterior [de Freud] conduzia a uma direção com a qual ele [Breuer] achava impossível reconciliar-se.” (pág.30) Freud, então, repensou a importância da sexualidade na histeria, afirmando que o que estava por trás dos fenômenos da neurose eram exatamente excitações de natureza sexual. Assim, ainda que não conscientemente, Freud remonta um pensamento platônico. Ele começa, então, a investigar a neurastenia, em que “graves irregularidades da função sexual se encontravam presentes” (pág.31). Freud, então, conclui que as neuroses, sem exceção, são “perturbações da função sexual” (pág.31). Ele repensa, posteriormente, o primeiro caso de histeria de Breuer tratado através do método “catártico” (como Breuer o denominou à época), e chega à novas conclusões. Assim, soma-o a outras experiências de cunho similar, e altera a técnica da catarse. Freud abandona o hipnotismo, “porque estava ansioso por não ficar restringido ao tratamento de condições histeriformes.” (pág.33). Além disso, ele coloca em dúvida a eficiência da hipnose, que estava sujeita à ineficácia caso as relações com os pacientes fossem perturbadas: “a relação emocional pessoal entre médico e paciente eram, afinal de contas, mais forte que todo o processo catártico, e foi precisamente esse fator que escapava a todos os esforços de controle.” (pág. 33). Dessa forma, ele interrompe o uso da hipnose. Apesar das dificuldades, Freud encontra outro método, através do testemunho de algumas experiências de Bernheim: “quando o paciente despertava de seu estado de sonambulismo, parecia haver perdido toda recordação do que tinha acontecido enquanto se encontrava naquele estado. (...) [porém,] se insistia para que o paciente se recordasse, (...) então as lembranças esquecidas de fato voltavam, de início de forma hesitante, mas finalmente numa torrente e com clareza completa.” (pág.34). Freud, então, começa a utilizar método semelhante, pois considera que seus pacientes, a priori, “sabem” das coisas que até então só se tornavam acessíveis com o método hipnótico. Assim, mesmo compreendendo que seu novo método é sem dúvida mais trabalhoso, Freud acata essa nova proposta metodológica. Freud conclui: “abandonei o hipnotismo, conservandoapenas meu hábito de exigir do paciente que ficasse deitado num sofá enquanto eu ficava sentado ao lado dele, vendo-o, mas sem que eu fosse visto”.
Freud, Sigmund (1856-1939). Obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (Vol. 20). Rio de Janeiro: Imago, 2006.



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