NORMATIVAS DO PÓS-PARTO NÃO SÃO SEGUIDAS
(Jerson)
NORMATIVAS DO PÓS-PARTO NÃO SÃO SEGUIDAS.
A depressão pós-parto atinge entre 10% a 20% das mulheres em todo o mundo. No Brasil, a falta de políticas públicas efetivas de atenção a essas mães faz com que o destino final de muitas seja atrás das grades. Segundo a psicóloga do Hospital Universitário de Brasília (HUB) e professora da Faculdade de Medicina, Rosana Tristão, existem normativas do Ministério da Saúde (MS) que regulamentam o acompanhamento às gestantes, inclusive com ferramentas eficazes para identificar precocemente a depressão pós-parto. Infelizmente, essas recomendações quase não são seguidas.
Normalmente, as mulheres são orientadas a voltar ao local do pré-natal após o nascimento da criança para fazer o acompanhamento. "Mas, a grande maioria não retorna, ou por falta de interesse ou de condições financeiras de ir a um hospital ou ainda pela dificuldade em conseguir atendimento, entre outros tantos motivos", afirma a psicóloga. Ela também lembra a dificuldade de se fazer planejamento familiar. Faltam preservativos e pílulas anticoncepcionais nos postos de saúde e a gravidez indesejada acaba sendo o destino de muitas mulheres jovens.
"O final desse ciclo pode ser a prisão da mãe que rejeitou a criança e a reabertura das discussões sobre o aborto. O Brasil caiu no buraco das políticas imediatistas, porque o aborto não resolve o problema dessas mulheres", reclama a especialista. Segundo ela, uma das saídas, além da educação sexual e da efetiva aplicação das normas do MS, é uma mudança cultural. "Nossa sociedade induz a solidão das mães. Aqui se diz que quem pariu Mateus que o crie. E muitas vezes, as mulheres ficam abandonadas num momento de extrema fragilidade", alerta.
Depressão
A depressão puerperal tem as mesmas características da doença em outros indivíduos. A pessoa sente uma tristeza prolongada, perde sua auto-estima, não vê mais prazer na vida e pode até tentar se matar. A tristeza materna, no entanto, não é um sentimento incomum. "Aproximadamente 40% das mulheres sentem uma depressão leve logo após o nascimento do bebê", afirma. O quadro clínico, também chamado de baby blues, é provocado por fatores como a grande quantidade de mudanças na vida da mulher, bem como pelas alterações hormonais. Ele desenvolve-se nos dez primeiros dias pós-parto e regride totalmente até o final do primeiro mês.
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