Diário do Farol
(João Ubaldo Ribeiro)
João Ubaldo Ribeiro, grande escritor baiano, cria um personagem singular em maldade e dissimulação. O livro começa pelo final e o maldoso e obscuro protagonista é apresentado após ocorrida toda a saga que o leitor ainda irá conhecer. Um farol abandonado em uma ilha é a residência do nosso personagem que narra como se deram os fatos de sua vida que o trouxeram até ali.Nascido em uma fazenda, o protagonista, desde bem pequeno sofre os maus tratos do pai, que além de desprezar o garoto, foi responsável pela morte da mãe do menino. O pai estúpido e cruel, além de casar-se novamente, torna a vida de seu filho um verdadeiro inferno e o menino aprende a ser mau e dissimulado, para sobreviver àquela vida injusta.O rapaz ouve sempre a voz da falecida mãe, que sempre o consola e pede para que seja feita a devida vingança contra seu assassino. Então, no anseio de atender à falecida mãe, planeja o assassinato de seu irmão bebê através de um envenenamento lento, com método que não despertasse suspeitas. Desta forma vingaria-se do pai e da madrasta.Nosso vingativo protagonista tornara-se seminarista e na vida religiosa teve contato com um enorme leque de vícios e maldades, entre padres e seminaristas encontra terreno fértil para o seu comportamento de psicopata. Pederastia, chantagem, falsidade, ódio, inveja, sodomia e outras táticas tornaram-se parte do dia a dia do garoto assassino que em breve se ordenaria e tornando-se ainda mais perigoso. Já na vida de padre, o mesmo fez conchavos e estratégias ardilosas e também experimentou os prazeres da carne com Maria Helena, que se confessava com ele e despertou sua paixão.É chegado o tempo da ditadura militar e o padre malvado mais uma vez percebe que as circunstâncias estão favoráveis ao seu perfil amoral, devido a sua influência e interesse, torna-se agente da repressão política e nesta função pode dar vazão a toda sua loucura e crueldade, chegando mesmo a praticar loucuras e atrocidades. Seu objetivo agora é alimentar o ódio por seu pai e planejar como vingar-se de Maria Helena, que o havia rejeitado e desta forma despertado o ódio naquele coração maligno.Durante a trajetória deste anti-herói o leitor surpreende-se com os absurdos e se não estivesse realmente escrito poderíamos até duvidar que estivéssemos lendo coisas tão medonhas, do ponto de vista moral. Contudo o autor genial consegue prender a atenção e toda imoralidade e crueza transbordam as páginas do livro e impressionam pela originalidade.
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