As Lagrimas do Mundo
(Tom Farias)
As lagrimas do mundo, vermelhas, como a língua do vulcão. O dedo de deus, apontado, em direção ao podre homem, homem honesto, morto, carne e espírito. Os gritos de misericórdia do tolo, este tolo, que rosna como louco. As feridas abertas, escancaradas, no tempo, tempo que nos consome, nos come, e que cheira velhice. São todos tolos, os homens, homens magros, fortes, calvos, e cabeludos. Só pelos, pelos que cobrem a pele, pele queimada, com rugas, rugas do tempo, tempo que frita as cabeças, cabeças ocas, ocas como o espaço, que não tem teto, teto que não molha, pois, não há chuva lá no espaço. Somos todos os astronautas, astronautas sem nave espacial. Não tem combustível a nossa nave, ela é morta, sem freio, vive em órbita. Não adianta ser anatomista, dentista, frentista, analista, tudo morre, como eu morri, morri por não saber, saber o que não deveria saber, é que todos querem saber de onde vem o espírito, espírito de gritos, de mitos, aflitos, são espíritos. A navalha, a lamina da vida, o castigo que nos dão, arrebenta o nosso ser, ser sem gloria, sem vitória, vitória fraca, aberta ao publico neutro, são neutros por não gostarem de se mesmo, povo abstrato, sem retrato, farta, e frio como a sala e o quarto. A leitura é leiga, mas meiga, o sol a pino, lamenta os que já foram. Chorar por eles? Não quero, eles estão bem, lá no alem, não estão sozinhos, tem as trombetas, os hinos, quem sabe jogo de cassino. Tem tudo por lá, tem festa há dar de pá, eles não sonham, não precisam, voam em pensamento, sonda o espaço, e caiem na terra, terra que nos serra, nos cortam os dois lados, as duas faces. Vive em mim, hoje, agora, chora, lagrima de dor, pranto seco, fogo, lá dentro, no meio da minha artéria, matéria, lenta, descontente, ardente, só ela é assim, ponho agora neste escrito com rasuras no fim.
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