MEU NOME NÃO É JOHNNY
(Guilherme Fiuza)
UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO
O “Meu nome e Jhonny” é a biografia de um jovem carioca, João Guilherme Estrella, filho bem nascido no seio da típica classe média brasileira e se tornou um dos muitos “barões do ouro branco” que circulam na cidade do Rio. O ex-traficante leva hoje uma vida tida como normal como pai de família e produtor musical. O protagonista tinha tudo, menos limite, filho de pais permissivos que fechavam os olhos para tudo o que acontece na sua frenética vida. No roteiro a sua mãe aflita e desnorteada procura um advogado para o filho, que fora preso acusado de traficante. O advogado pergunta há quanto tempo ela tinha conhecimento das atividades ilícitas do filho. A mãe responde que não sabia de nada, que nunca imaginou que isso pudesse acontecer, ao menos na sua família...
O diálogo inicial mostra o sentimento de surpresa, frustração e desesperança com que a família recebe a notícia sobre envolvimentos de filhos nestas atividades ilícitas e perigosas. Para sustentar o vício o protagonista teve de traficar. Ganhou fortunas, mas, torrou tudo em drogas e festas de embalo. No manicômio onde cumpre pena Estrella acaba por se dar conta da sua própria vida. O isolamento lhe provocou insights transformadores.
O protagonista viveu uma experiência de vida confortável, sem ter de lutar para sobreviver, bem acima da média da juventude brasileira. Nada acumulou de patrimônio. Conseguiu, entretanto, na reclusão tratamento psíquico no manicômio, por conta de dinheiro público além de cama e comida. Precisou de uma segunda chance. Obteve. Recuperou-se. Hoje é um cidadão de bem. Uma exceção num país em que tantos excluídos socialmente pagam com a pena de morte enrustida que existe hoje no Brasil, não tendo acesso a nada a não ser à truculência e a injustiça. “Morrem pelo poder do tráfico, morrem pelo poder dos homens, morrem pelo poder da imprensa, morrem pela falta de poder, apenas morrem”.
Há um momento, como diz no livro, em que “a cocaína entrou na corrente sanguínea da cidade. Nesse instante, a droga deixa de ser contabilizada em casos episódicos, uma festinha aqui, uma carreira acolá, para se tornar sistêmica...” Eis que se instala no asfalto, a cultura do crime.
O texto é descritivo, com poucos diálogos. Consiste de narrativa simples e agradável de ler. O seu conteúdo se distribui em etapas: O “crescimento” do traficante na hierarquia da “organização”; depois, a abrangência internacional; mais tarde, a queda total; em seguida a prisão; e, por fim, a redenção. Não tem nada de moralismo. Trata com clareza, de valores e conseqüentemente de mudanças de costumes. Não choca nem surpreende. É revelador, entretanto. Expõe um anti-herói de uma geração marcada pela ausência ou enfraquecimento de laços familiares. Mostra a deterioração dos laços de afeição na classe mais abastada dos brasileiros. Trás à discussão como nascem e morrem os sonhos e os dramas dos jovens no mundo contemporâneo.
Guilherme Fiuza. Meu Nome Não é Johnny. Rio de Janiero: RECORD, 2007.
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