Um porquinho Especial
(Adiléa Leopoldino)
Estêvão era o porco mais limpo das redondezas. Sua dona, Carla Cristina, uma menina com seus oito anos criou-o desde recém-nascido, quando sua mãe morreu de parto. Estêvão nunca sentiu solidão, pois encontrava na menina a mãe ideal que outrora perdera. Carla Cristina não sabia o que fazia com Estêvão: dava banho, mamadeira, colocava frauda, talco...! E por fim, resolveu comprar um cordão para Estêvão, mandou gravar o seu nome completo! Estêvão sabia que não ia encontrar dona melhor que Carla Cristina e nem mais carinhosa. Quando a noite chegava e Carla Cristina ia dormir o porquinho ficava aninhado na cama com a menina. Certo dia, seu José presenteou Carla Cristina com um lindo cãozinho. Um poodle. Todos adoraram o cãozinho, exceto, Estêvão que viu no pequeno filhote um rival. Um rival que por certo tomaria o seu lugar. Estêvão começava a se sentir desprezado. Pegou uma carona com o caminhão de lixo que parava todos os dias no portão de sua casa; na primeira parada saiu imediatamente. Quando deu por si estava na Central do Brasil. Entrou na estação sem que ninguém o visse. E no embaraço de pessoas que iam e vinham de trem decidiu fazer o mesmo! Ficou Escondidinho embaixo do banco, no trem, em que Estêvão viajava seguro. Até que... - Olha, um porco! - Gritou uma mulher assustada. - Coitadinho! Parece que ele está perdido. - Disse uma boa velhinha. - Ele daria um delicioso jantar! - Exclamou um gordo. - Vamos pegá-lo! - Gritou dois beberrões. Mas Estêvão conseguiu escapar sem deixar rastro.Aproveitou que uma baiana entrou num restaurante e se escondeu por entre a saia rodada. Enquanto isso, Carla Cristina procurava Estêvão por todos os cantos da casa. Até que não tendo mais esperança, desatou a chorar. Não se preocupe querida, iremos encontrá-lo. Vamos colocar um anúncio no jornal, papai? Caso alguém encontre, saberá me localizar. Estêvão resolveu caminhar pela praia de Copacabana. Via tudo quanto era tipo de gente! Pessoas que ele nunca imaginava conhecer. Japoneses, italianos, ingleses, espanhóis. E até brasileiros com sotaque engraçado que Estêvão parou para ouvir: - Tamos distante da nossa terra, cumpadre, mas o Rio de Janeiro é lindo! - Exclamou o primeiro nordestino. - Eu tô sentindo farta da terrinha! - Acrescentou o segundo. - Óia um porco, Zé! Ah, se a muié tivesse aqui... – Apontou o primeiro. - Vamo pegá o danado! – Disse o segundo. Conheceu uma garotinha que estava acompanhada com a mãe. Mamãe, o porquinho está chorando! - Ele deve está sentindo falta dos donos. Olha! Ele tem uma correntinha! Deixa eu ler o que está escrito!? Carla Cristina Figueira. Deve ser a dona do pobrezinho! – Explicou a mãe da menina. - Vamos ficar com ele. - Suplicou a menina. - Não, filhinha, não podemos ficar com um animalzinho que não nos pertence. Se ele tem uma dona, essa dona vai aparecer! - Acrescentou a mãe. Filha, eu encontrei a dona desse porquinho! Ela está desesperada procurando por ele. Você não vai ficar triste, vai? - Não mamãe. Eu entendo. - Falou a menina abaixando a cabeça. Então eu vou telefonar pra ela. Olha! Eu prometo que eu vou comprar um lindo animalzinho pra você. Que bichinho você quer? - Um porquinho mamãe, igual a esse!- Falou a menina apontando para Estêvão. - Está bem. Agora eu vou ligarA mãe da menina avisou onde encontrá-la. Carla Cristina e seu José foram imediatamente ao encontro de Estêvão. Quando se encontraram ... Carla Cristina e Estêvão mataram as saudades juntos! Parecia anos que estavam separados um do outro. - Seu bobo! Pensava que eu não te amava mais por causa do Chuchú?! Fique sabendo que ninguém é tão especial pra mim como você! - Disse Carla Cristina. Estêvão então pôde perceber o quanto era amado pela menina! Estêvão nunca mais ia es-quecer daquele dia, pois além de estar nos braços de sua dona, estava também no lugar mais lindo do mundo!... O Rio de Janeiro! F I M
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