Mamma Lucia
(Mario Puzo)
Só
os pobres compreendem a vergonha da pobreza, maior do que a vergonha do maior
pecador. Pois o pecador, vencido pelo seu próprio outro eu, é, em certo
sentido, o vitorioso. Mas os pobres são realmente derrotados: pelo seu mundo,
pelos seus padrones, pela fortuna e pelo tempo. Assim começa a trajetória de
Mamma Lucia, uma italiana forte, destemida, mãe de seis filhos, casada pela
segunda vez. Uma mulher que carrega sozinha um mundo em suas costas. Uma filha
que não aceita o padrasto, um filho irresponsável, outro seguindo o caminho do
mais velho, dois filhos pequenos e o filho intermediário, Vincent. O filho que
divide seus dois casamentos. Aquele que por alguns instantes fora esquecido
pela própria mãe. Para completar, um marido ausente, fraco e que, para piorar, fica
louco. Neste momento, Lucia Santa enterra mais um marido sendo que este será um
vivo a lhe assombrar até o dia de sua morte. Problemas para criar os filhos, a
miséria em sua volta, tudo seria uma razão para desistir, se entregar a própria
sorte e esperar que a morte lhe trouxesse alívio. Mas Lucia Santa não se
entrega, pois antes de deixar este mundo, ela ainda luta por um resto de vida
decente pra si e seus filhos. O primogênito, Larry o garanhão da Décima Avenida
e um problema sério para Lucia Santa. Além de não ajudar em casa, arruma uma
pequena chamada Caterina e a engravida. Todos na família devem trabalhar, até
os mais novos. Octavia deve trabalhar em dobro e Gino e Vincent arrumar seus
primeiros empregos, prejudicando em seus estudos e tornando um futuro de tranqüilidade
e prosperidade ainda mais distante. Octavia com a carga de trabalho exaustiva
na qual foi submetida, não resiste e adoece. Larry vendo a situação piorar
começa a trabalhar para o Senhor Di Lucca como cobrador de contribuições dos donos
de padarias. Enquanto isso Vincent trabalha em um escritório de contabilidade.
Já Gino, era um caso perdido, não parava em nenhum emprego, um garoto sem
responsabilidades e livre. Vincent ao contrário seria enquadrado como um
infeliz. Alguém que trazia consigo a maldição de nunca ter tido contato com o
pai biológico, em certos momentos abandonado pela própria mãe e que o padrasto
sequer dava-lhe atenção. Alguém que nunca sentira amor e nem recebera. Agora,
Octavia estava de volta, conheceria um judeu e resolveria se casar com mesmo. A
companheira de luta de Lucia Santa sairia de casa. Mas um golpe nesta mãe
guerreira que dependerá de Vincent e Gino, já que Sal e Lena eram novos demais
para trabalharem. Gino não toma jeito e continua a vagabundear pela cidade
enquanto Vincent dava duro no escritório. Larry também ajudava a mãe, mas, já
estava encomendando o segundo filho. A vida foi melhorando, mas Gino não.
Indisciplinado e vagabundo, não levava nada a sério. Só que a desgraça paira
novamente nesta família e no coração de Lucia Santa. Após ser atropelado por um
trem, Vincent morre e neste instante desencadeia um ódio mortal entre Lucia
Santa e Gino. Com o coração sangrando por esta verdadeira facada, Lucia Santa
demonstra total desprezo a Gino e este muda totalmente de vida. Começa a
trabalhar e se alista no exército para participar da 2ª Guerra Mundial. Larry
trabalhando como gangster e Octavia casada e com um emprego melhor conseguem
tirar Lucia Santa da 10ª Avenida e se mudam para Long Island. Lucia Santa
consegue realizar o sonho de viver em um lugar descente, ver seus filhos mais
novos na escola e ter um pouco de conforto depois de uma jornada tão sofrida.
Ela olha para trás, sem conter as lágrimas pronuncia “Eu queria tudo isso, sem
sofrimento. Queria tudo isso, sem chorar pela morte de dois maridos e de um
filho amado. Queria tudo isso, sem o ódio desse filho concebido com verdadeiro
amor. Queria tudo isso, sem culpa, sem tristeza, sem medo da morte e do terror
do dia do juízo. Com inocência”. Uma excelente história para aqueles que
alimentam o mercado de livros de auto-ajuda e perceberem que o sofrimento faz
parte da vida, nada vêm de graça. A tempestade existe e depende de nós
resistirmos a ela e reconstruir o que caiu ou se misturar aos escombros.
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