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Dom Casmurro
(Machado de Assis)

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No romance Dom Casmurro, a temática ciúme funciona como mola propulsora para estabelecer a desconfiança do personagem Bentinho em relação a Capitu. A construção cresce aos olhos do leitor ao acompanhar a trajetória de Bentinho que rememora sua vida e reavalia os fatos para tentar entender o processo que levou seu casamento com Capitu ao fim. Desse modo, o leitor depara-se com os vários atos de Bentinho que são processados como construção para que o personagem pudesse ter certeza de que sua esposa o enganara. No entanto, a maestria da narrativa de Machado de Assis não confirma a infidelidade de Capitu.

É possível estabelecer o diálogo literário entre o romance de Machado de Assis e outras obras literárias que tratam do tema ciúme. A referência à clássica peça Otelo de Shakespeare, é claramente apresentada ao leitor, pois, no romance, Bentinho assiste exatamente a essa peça teatral, e envolto em suas próprias angústias percebe a semelhança entre sua vida e a história desenvolvida no palco. A análise que faz disso, no entanto, em vez de servir para perceber o emaranhado neurótico em que ele próprio se envolvera, acaba fortalecendo suas desconfianças fazendo-o confirmar mentalmente que Capitu é culpada.

A narrativa de Dom Casmurro se desenvolve em restrospecto, pois Bentinho, avisa ao leitor que deseja atar as duas pontas de sua vida. Portanto, já está velho e casmurro quando inicia essa empreitada. O título da obra liga-se de uma brincadeira feita pelos amigos de Bentinho que consideram conveniente o apelido de “Dom Casmurro” devido a seu permanente estado de reclusão, vivido desde o fim de seu casamento.
A história se passa entre a metade e o final do século XIX no Rio de Janeiro. A primeira parte do enredo narra a infância, adolescência e a fase adulta dos protagonistas – Bentinho e Capitu. Portanto, apresenta ao leitor a aproximação, o namoro inocente e o casamento dos personagens. A narração desses acontecimentos recebe o toque próprio dos romances da época: o casal passa por várias atribulações do destino para alcançarem, enfim, a felicidade.
As adversidades entre o casal se iniciam com a morte de Escobar, amigo dileto do narrador, pois o olhar que Capitu dirigiu ao cadáver foi o estopim que despertou a desconfiança em Bentinho. Desse modo, ao construir a narrativa, rememorando fatos de sua vida, o personagem questiona todos os atos de Capitu, desde os mais pueris, para provar que ela era adúltera: o maior indício que Bentinho apresenta é a profunda semelhança física de Ezequiel, seu filho, com o falecido amigo, Escobar. A narração dos fatos é conduzida como um processo de acusação – sempre é bom lembrar que Bentinho era bacharel em Direito.
A conseqüência dessa técnica narrativa é a ambigüidade. Por mais que o leitor concorde com Bentinho e por mais que ele apresente provas irrefutáveis contra Capitu, a incerteza e a dúvida pairam no ar. Se a narração fosse em terceira pessoa, provavelmente acabaríamos por teria narrador onisciente (a par de todos os pensamentos dos personagens). Em Dom Casmurro o leitor não acompanha os pensamentos de todos os personagens, mas tende a aceitar o que Bentinho conta sobre eles e, em especial, Capitu, que é apresentada mediante determinado plano, juízo específico e interpretação do narrador.

Tal estratégia marca a complexidade e domínio de técnica narrativa de Machado de Assis, que ao apresentar um tema recorrente do Romantismo, articula-os aos moldes realistas. O cuidado, no âmbito do delineamento psicológico, com que arquiteta cada averiguação de Bentinho sobre os atos de Capitu não deixa brecha para uma construção sentimentalóide.



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