Sua Vida Sua Profissão
(Graça Marques)
Nossa entrevistada de hoje, é a Dra. Graça Marques, atriz profissional, psicoterapeuta, especialista em dependência química em Veneza, e hoje, depois de ser curada de um câncer de mama, fundou e dirige o Napacan - Núcleo de Apoio a Pacientes com Câncer. Conheça um pouco mais a sua carreira, projetos e sobre o estado emocional e espiritual da mulher que sofre de câncer.
WM: Olá Dra. Graça, tudo bem?
Dra. Graça: Tudo maravilhosamente bem. É Sempre uma alegria falar com o público feminino...
WM: Como começou a sua carreira?
Dra. Graça: De atriz? Eu fiz o Célia Helena quando ainda era recém-casada (1976), tinha então 20 anos. Já havia participado de muitos trabalhos amadores desde jovem (11anos) e gostava muito de construir um personagem e dar-lhe vida. Depois do Célia Helena fiz muito teatro e comerciais para tv e um longa metragem. Não gostei muito do mundo e da cultura do povo que fazia teatro na época (TBC) e fui fazer psicologia e formação em psicoterapia americana. Estudei uns 6 anos e fui fazer formação em psicanálise por 4 anos. Já clinicava em 1990 quando fui estudar análise transacional (Eric Berne) no Instituto Gente (com Shyniashik).
WM: A psicoterapia era / é uma paixão? Como se decidiu?
Dra. Graça: Sim, a psicoterapia sempre foi uma grande paixão. Poder entender a dificuldade do ser humano e saber como ajudá-lo era para mim um jogo de xadrez dos mais intricados. Eu adorava desvendar os sintomas e transformá-los em ações novas nas vidas das pessoas. Eu sempre tive o dom de escutar e entender o próximo desde jovem quando eu ajudava minha tia a cuidar dos doentes mentais que iam parar em minha casa.
Mas, a grande vitória e força nasceu quando estudei psicanálise e ao fazer a minha própria análise pude mergulhar no inconsciente do ser humano com competência e segurança. Aí ficou tão mais fácil atender e entender as vicissitudes e percalços da vida do ser humano. Isto me fez sentir o ser mais útil do planeta. Claro que junto a tudo isto eu estudava sem parar novas técnicas de psicoterapias e meditação. Desde muito cedo sou meditante erudita oriental. Estudei Budismo e fui devota de duas escolas por mais de 9 anos e hoje sou da Escola Mahayana do Budismo de Nitiren Daishonin do Japão. Digo isto, porque gosto de lembrar que sem a prática de uma filosofia ou uma religião, o homem demora mais para se livrar de dificuldades psíquicas. Eu pratico a psicomeditação em psicoterapia desde 1994 com sucesso na reabilitação do paciente deprimido, dependente químico e paciente oncológico. Sou também psiconcologista.
WM: A sra. se especializou em dependência química no Brasil?
Dra. Graça: Eu comecei a estudar dependência química quando estudava psicologia. Tive um professor que trabalhava em uma clínica de recuperação do drogado e do alcoolista fora de São Paulo. Eu pedi supervisão para atender um paciente que usava cocaína desde os 16 anos (ele tinha 30). Assim comecei a atender com a supervisão do meu professor que havia estudado em Paris e Veneza a dependência psíquica e química do TOXICODEPENDENTE e sua família. Claro que fui estudando em paralelo a dinâmica familiar e pedi licença nos núcleos de AA e NA para assistir as reuniões de adictos e familiares. Foram cerca de 6 meses frequentando salas de AA e NA enquanto fazia supervisão com meu mestre. Em questão de 2 anos eu já atendia cerca de 6 famílias toxicodependentes e me sentia no dever de estagiar no Recanto Maria Tereza de São Paulo (referência em tratamento de adictos em São Paulo) . Fiquei lá 1 ano e em seguida fui com uma bolsa para a Itália em Veneza estudar a recuperação do toxicodependente e familiares em Heroína. Foi a experiência mais rica de minha carreira profissional.
Voltei de lá mais forte e certa de que sabia que era um dom meu e deveria seguir estudando e ajudando os familiares.
Sou filha de um adicto em álcool e perdi um irmão mais velho (gênio e exemplo de amorosidade familiar ) para as drogas em 2001. Sei que tenho a missão de fazer algo. Lacan (mestre da psicanálise moderna) dizia que o individuo deveria ser um adicto, casar com um ou tratar deles. Eu optei por tratar deles com muito amor e competência.
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