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Ensaio sobre a cegueira
(José Saramago)

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O livro de José Saramago “Ensaio sobre a cegueira” é um relato excitante e revelador sobre as relações humanas. A obra nos leva a seguinte reflexão: como fechamos os olhos aos problemas do mundo e enxergamos somente aquilo que queremos ver.
No livro, as personagens são surpreendidas por uma misteriosa epidemia. Um homem, ao parar no sinal vermelho de um dia quente, e subitamente perde a visão. Desesperado ele recebe a ajuda de um estranho, que posteriormente revela-se um ladrão. O homem com a ajuda da esposa procura aconselhamento médio. A partir daí todas as personagens em uma rede de relações passam a ser contaminados pela cegueira branca. O ladrão perde a visão após estacionar o carro roubado, o médio estudando em sua casa e, em seguida, a secretária e os pacientes do consultório. O grande mistério do livro é a “salvação” da mulher do médico a epidemia. Talvez, porque ela foi a que mais enxergou a ação do ser humano como revela o próprio autor. Alguém precisava relatar também o terror que a humanidade estava por atravessar.
Os cegos a mando do governo são enclausurados em um hospício sem qualquer auxílio ou acesso a higiene básica. A autoridade foi depositada nos guardas que através de alto-falantes eram responsáveis pela maneira de se comportar dos prisioneiros. Mas, a epidemia se alastra. Cada vez mais contaminados chegam ao confinamento e a partir daí a relação torna-se insustentável. Organizações paralelas são criadas no hospício e a ordem vigente é quebrada. Os “homens maus” assumem o controle: em troca de comida cada grupo deveria oferecer objetos de valores e, posteriormente, mulheres. O terror é estabelecido. O homem se desumaniza.

“Estavam as coisas neste ponto quando veio ordem dos malvados para que lhe fossem entregues mais dinheiro e objectos valiosos, portanto, consideravam eles, a comida fornecida já havia superado o valor do pagamento inicial”.
(SARAMAGO, p. 163, 2007)

A mulher do médico é a única que enxerga horror em que a vida se transformara. A personagem chega a uma importante conclusão: as pessoas ao perderem a visão, ausente das máscaras sociais, revelam a sua real personalidade. A alienação do homem é evidente, a ausência de regras faz com que a razão seja estabelecida pelo mais forte, pelo instinto de sobrevivência. O cachorro de lágrimas representa neste contexto uma prosopopéia, os valores sociais esquecidos são agora atribuídos a um animal:

“O cão de lágrimas olhou uns e outros com a indiferença de quem vive noutra esfera de emoções, isto se diria se não fosse ele o cão que continua a ser, mas um animal dos humanos.”
(SARAMAGO, p. 256, 2007)

As personagens não possuem nomes, há uma perda de identidades o reconhecimento se dá pelas características físicas. Deste modo, Saramago generaliza as personagens do livro e aponta que toda a humanidade está sujeita a cegueira branca. A ausência de marcação dos capítulos, a não atribuição de nome ao local no qual se situa a história são elementos que também contribuem para essa conclusão.
O elemento mais surpreendente da obra talvez seja o final. Saramago não estabelece um fim concreto, deixa o leitor livre a interpretações. Respostas não são dadas: não se sabe por que todos voltam a enxergar ou o motivo pelo qual a mulher do médico não perde a visão na trama. O fato é que a história é contada a partir unicamente da visão da mulher que nunca fechou os olhos.



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