NEGÓCIO OU DIREITO INALEANÁVEL?
(RUI ALMEIDA BRANCO)
A medicina é um sector muito lucrativo porque desde logo cada humano é um potencial cliente, um potencial consumidor!O mercado mundial coincide exactamente com o número de viventes, pelo que em termos físicos estamos em face de um verdadeiro pleno.Perante esta constatação, e para nos localizarmos ideológicamente, convem responder a esta pergunta: - devem neste mercado funcionar as leis de mercado liberal?- ao invés, deve o estado promover a saúde e o acesso á saúde? Os apologistas do sim á primeira pergunta, entendem a medicina como um negócio onde o motor é o lucro.Os apologistas do sim á segunda pergunta, entendem que a saúde e o seu acesso são bens públicos universais inaleanáveis, que a colectividade tem de promover e garantir.A onda liberal que nos tem aculturado nas últimas duas décadas de forma avassaladora, defende as delícias do livre funcionamento do mercado, em nome da maximização dos lucros de todos os agentes activos interessados, companhias de seguro incluídas.Argumentam com a ineficiência do estado para gerir recursos.São argumentos que apenas procuram esconder o objectivo nuclear e que é no fundo identificar tudo o que dê dinheiro com negócios que só podem ser privados. Para estas ópticas o interesse do Homem e da sua dignidade, são valores desprezíveis ou menores.Não tenho eu dúvidas de que a saúde e o acesso á saúde, faz parte daqueles bens públicos que devem ser assegurados pela colectividade numa prespectiva racional, humanista e até cristã.Vejo com preocupação o trabalho árduo do governo vigente, que até se chama de socialista, no sentido de reformar a saúde em Portugal!E pergunto:- Visa acabar com um serviço nacional de saúde que foi de facto uma das conquistas da revolução de Abril, ou estamos perante mais um ataque da eficiência neo liberal ao serviço de interesses muito privados?O doente vai passar de cidadão a cliente/consumidor?Eu talvez já soubesse dar a resposta, mas como a esperança é a última a morrer, espero íngénuo na doce expectativa de não vir a ter razão!...
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