Viagem de Ônibus
(Lucapajuli)
VIAGEM DE ÔNIBUS
A narrativa se refere a personagens completamente fictícios, sendo que eventuais fatos verificados, não guardam nenhuma relação com a realidade. A “Viagem de Ônibus” seria maçante e de difícil entendimento se os personagens que dela fazem parte não fossem assim chamados.
É que a Secretaria dos Direitos Humanos, da administração federal, pretende eliminar dos dicionários todos os termos que estão assinalados entre aspas na narrativa, por “considerá-los ofensivos às minorias...” !
Naturalmente que não conseguirá seu intento. Não será por meio de cartilha ou de decreto que se muda a língua de um país. Também não conseguirá seu objetivo o deputado que apresentou esdrúxulo projeto de lei pretendendo eliminar da língua pátria as expressões ou palavras estrangeiras. A história já mostrou que intenções anteriores nessa direção, por óbvias razões naufragaram...
VIAGEM DE ÔNIBUS
“A coisa ficou preta” na garagem de ônibus do bairro “classe baixa” de Xiririca-Mirim. Muitos desses veículos ficaram imobilizados em virtude da inundação da cidade na véspera, causada pelo temporal de verão.
Naquela manhã, o encarregado colou logo pela manhã um aviso aos motoristas informando-lhes de que só poderiam partir os ônibus que se encontrassem em plenas condições de uso. Eram os ônibus dos cinco motoristas conhecidos por seus apelidos: “Africano”, “Anão”, “Branquelo”, “Cigano” e “Bárbaro”.
Para não congestionar mais as vias dos itinerários, que naquela manhã suportavam enorme tráfego, os ônibus deveriam sair de meia em meia hora. Do contrário, a situação “ficaria russa”, já que muitos seriam os passageiros e reduzido o número de veículos para transportá-los.
O primeiro passageiro que tomou o ônibus dirigido por “Africano” era uma conhecida “beata” do bairro. Todo mundo da fila abriu passagem pra velhinha. Em seguida subiram um “aleijado” e um “bebum”, que trançava as pernas.
O cobrador era um “cabeça chata” sorridente que tinha cara de “bugre”. Saiu da garage já batendo papo com “Caipira”, um dos faxineiros da empresa transportadora, que se sentara ao lado dele.
“Africano” não estava bem naquela manhã, pois na primeira curva deu uma freada brusca, mais parecendo coisa de motorista “doido”, daí ser chamado baixinho por alguém de “barbeiro”.
No ponto seguinte “Africano” parou o ônibus para pegar um “crioulo” “coxo”, alguns escolares “de menor”, um “deficiente” e um “ceguinho” guiado por um cachorro da raça labrador.
O ponto final daquela linha de ônibus era no Hospital dos “Aidéticos”, que ficava na Praça dos “Ciganos”, muito utilizada pelos políticos “farinha do mesmo saco”, inclusive pelos “comunistas” quando das campanhas para as eleições.
Nessa mesma praça acontecia todo o ano a parada “Gay”, dos “homossexuais”, dos “boiolas” e dos “giletes”. Alguns “fanáticos” não perdiam o evento, outros não muito engajados, perguntados diziam que lá estavam só para prestigiar.
Ao lado daquele hospital existia uma casa de saúde particular que cuidava principalmente de “cancerosos”, “débeis mentais” e pacientes “esclerosados”.
Do outro lado da praça havia um terreno da prefeitura invadido por maus “elementos”, alguns “apenados”, gente “inculta” e “fascista”, onde ergueram vários “barracos” irregulares, “denegrindo” até a paisagem da cidade.
O pior é que cada dia que passava chegava àquele local mais um bando de “analfabetos” e até de “índios”, impedindo que os “funcionários públicos” tomassem qualquer tipo de providência para manter a ordem ou para retomar a posse da área.
De vez em quando um mais agitado envolvido em altercações virava “detento” da prisão local.
Nos demais ônibus, que fizeram o mesmo percurso do ônibus do ”Africano”, naquele dia seguinte ao da inundação que tomou conta do bairro, sofreram o mesmo tipo de problemas com excesso de lotação e muita reclamação principalmente da “baianada”.
Depois da enchente, o próprio prefeito foi chamado por muitos de “burro” pela falta de outras providências previsíveis. É que todo ano a coisa se repetia. O prefeito se defendia dizendo que os mais pobres precisavam ter mais educação, não jogando lixo de todo tipo nas ruas e nos rios, entupindo tudo e impedindo a água da chuva de escoar...
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