Ouro Carmim
(Jafar Panahi)
Há uma sensação crescente de angústia, revolta e fim da linha em "Ouro Carmim", produção iraniana de 2003. O filme começa com uma cena de assalto a uma joalheria e com a morte do proprietário do estabelecimento. Logo em seguida a história retorna para alguns dias antes desse acontecimento. Conhecemos a personagem central, um jovem que trabalha como entregador de pizza à noite e vive de pequenos furtos durante o dia. Ele é noivo da irmã de um companheiro de oficio, que também é o seu melhor amigo e compartilha a mesma atividade diurna. Nas andanças pela cidade, entre uma entrega de encomenda e outra, percebemos o Irã contemporâneo administrado pelo regime dos alatóias. Assistimos à coisas que são comuns, praticamente em todos os continentes, pessoas que estiveram na guerra (o protogonista é um dos que apresenta sequela de um conflito), o fato de ser um luxo poder comprar um tênis de marca, o trânsito caótico. Porém, há cenas inerentes a regimes autoritários, como a detenção de jovens por se reunirem em uma festa. E há imagens e palavras que ferem em qualquer língua e que evidenciam o preconceito social, a discriminação de classes. É justamente na primeira vez que o jovem vai à joalheria conciliada com o encontro com um filho da classe alta iraniana que fará eclodir a tragédia que a abertura do filme exibe. Não há como evitar o desenlace fatal."Ouro Carmim" desafia o nosso poder de observação e espera com seus silêncios pouco confortáveis. Um Irã de contrastes rigorosos aparece como uma beleza maculada de defeitos.
Resumos Relacionados
- Herói - Hero Wanted
- Bastardos Inglórios
- Dejavu
- Menina De Ouro
- Crepúsculo
|
|