Resumo de Não queime o seu filme! - por Danubia Guimarães; Gilberto Yoshinaga; Karina Morizono e Claudio Endo

Em qualquer lugar do mundo, conquistar a confiança de uma pessoa não é fácil. Pelo contrário, a tarefa costuma exigir bastante tempo. Porém, na maioria das vezes, um simples deslize é o bastante para colocar todo esse trabalho a perder. Como se sabe, muito mais difícil do que criar uma boa imagem é reverter uma imagem negativa. Propositais ou não, ao longo da história esses “deslizes” já foram capazes de derrubar governantes, levar grandes empresas à falência ou minar a carreira de renomados profissionais.
Tudo depende, é claro, da gravidade e das circunstâncias do fato negativo. Mas, como ninguém possui bola de cristal, não vale a pena dar sopa para o azar. Afinal, uma atitude impensada pode apagar uma trajetória vencedora e “enterrar” o que poderia ser um destino glorioso.
NegligênciaÉ comum operários experientes passarem a desrespeitar procedimentos de trabalho, imaginando que “nunca serão pegos”. Além de colocar a segurança em risco, essas pessoas arriscam sua credibilidade. A negligência pode passar desapercebida por algum tempo, mas não para sempre. A fabricante de doces Akafuku, inaugurada em 1707, acreditando na impunidade, aproveitou por 34 anos ingredientes de produtos não-vendidos. Denunciada às autoridades no fim do ano passado, ela fechou as portas por tempo indeterminado. O episódio ajudou a queimar não só o filme da Akafuku, como também o de toda a indústria alimentícia japonesa (conhecida no mundo pela qualidade e higiene). Da mesma forma, a maneira como você age no trabalho ajuda a montar a imagem dos brasileiros no Japão.
ConcorrênciaApesar de a mão-de-obra brasileira ser valorizada em fábricas japonesas, a competitividade é uma realidade. E, como o futuro do mercado de trabalho do país é uma incógnita, é importante a preocupação em não ficar com o “filme queimado” por desleixo. “Ainda que em pequena proporção, a mão-de-obra oriunda de outros países asiáticos está ganhando terreno”, explica Yogi Yukimassa, da empreiteira Power Create, de Nagoya (Aichi). “Por isso, os brasileiros precisam ficar atentos. Quem cultivar uma imagem negativa será preterido na disputa por uma vaga.” Alguns gestos simples podem “queimar o filme” na fábrica. Um deles é questionar as regras do ambiente de trabalho de forma inadequada. “Ninguém deve se submeter a nenhum tipo de ditadura, mas mesmo as críticas devem ser feitas de forma educada, à pessoa certa e no momento certo”, explica o tantousha de uma empreiteira localizada em Yokkaichi (Mie). “Tem muito brasileiro metido a rebelde que faz estardalhaço sem motivo e acaba tumultuando o ambiente de trabalho. A única coisa que ganha em troca é ficar com o filme queimado.”
Atitudes Outras atitudes (ou a falta delas) também podem comprometer a imagem do trabalhador, a começar pela entrevista de trabalho. “Quem chega com um histórico instável, de passagens breves por várias empresas e muitas mudanças de cidade, não é bem visto”, menciona Yukimassa. “Comparecer à entrevista de trabalho em trajes inadequados, como bermuda ou saia curta, também cria uma primeira impressão bastante negativa”, complementa Muneharu Kawae, da empreiteira Shin-Ei, de Hamamatsu (Shizuoka).
Boa imagemSe por um lado é preciso ter cuidado para não “queimar o filme”, por outro também é possível criar uma boa imagem – ou melhorar a que já possui. As recomendações mais básicas são ‘vestir a camisa’ da empresa e demonstrar o constante interesse em aprender. “Quem se esforça para aprender o idioma e assimilar a cultura japonesa é muito bem visto”, assegura Daniel Ko Omura, da empreiteira Kowa, de Isesaki (Gunma). Além de uma imagem positiva, essa postura pode ter conseqüências positivas, como lembra Yukimassa: “se a empresa crescer, é bem provável que esse funcionário exemplar seja reconhecido de alguma forma”.

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