DIZER UMA COISA PARA SIGNIFICAR OUTRA. In: PARA ENTENDER O TEXTO: LEITURA E REDAÇÃO.
(PLATÃO & FIORIN)
Na lição 22 – Dizer uma coisa para significar outra - na obra Para entender o texto: leitura e redação, de Platão & Fiorin, percebe-se que ao se construir um texto, seu produtor pretende que haja uma adequação entre o que ele disse e o que deseja dizer, mas essa adequação em sempre ocorre. Algumas vezes, o conflito entre essas duas instâncias não é intencional, outras é. Aqui nos interessa o segundo caso que são os expedientes lingüísticos usados para estabelecer um conflito entre o que se diz e o que se quer dizer.
São inúmeros os recursos lingüísticos de construção do texto que servem para estabelecer essas oposições, veremos alguns deles:
Antífrase ou ironia – quando se afirma alguma coisa e na verdade se quer negar. Nesse caso, deve-se entender o que se disse como o contrário do que está dito. Ex.: Ela tem uma educação primorosa. Por: Ela não tem educação.
Lítotes – quando se diz menos para significar mais. Ex.: Você não é nada bobo. Por: Você é muito esperto.
Preterição – quando se diz alguma coisa e, ao mesmo tempo, nega-se explicitamente que se pretenda dizê-la. Na preterição, o produtor do texto afirma claramente não pretender dizer o que disse, simula não querer dizer o que, contudo, disse de forma evidente. Exemplo: auto-elogiar-se.
Reticência – quando se suspende o que está sendo dito e se deixa subentendido o que se pretende dizer. Exemplo: Era uma vez [...]
Há dois outros casos em que não ocorre exatamente um conflito entre o que se diz e o que se quer dizer, mas uma oposição entre o que se diz e o que se descreve.
Eufemismo – quando se atenua aquilo que de fato teria uma intensidade maior. Ex.: cheirar mal por feder.
Hipérbole – quando se intensifica, se exagera o que na verdade é mais atenuado. Ex.: Rios de lágrimas.
No seu fazer persuasivo, o produtor do texto procura chamar a atenção do leitor, com vistas a fazê-lo crer naquilo que diz. Dizendo sem ter dito, simulando moderação de maneira enfática, fingindo ênfase, para dizer de maneira acentuada, dizendo e afirmando não ter dito, o produtor do texto revela significados encobrindo-os. O produtor, em suas estratégias persuasivas, vela os significados para melhor desvelá-los, dissimula-os para mais claramente revelá-los.
O leitor pode atentar para aspectos do que está sendo comunicado e aceitar aquilo que se diz. Cabendo a ele perceber os conflitos entre o que se diz e o que se quer dizer, entre o que parece e o que realmente é, para entender o significado do texto.
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