“Fiquei três anos confinada no gueto de Stanislavov, na Polônia, com minha mãe e meu padrasto. As casas eram infestadas de ratos, baratas, percevejos. Eu tinha 10 ou 11 anos. Éramos obrigados a assistir aos fuzilamentos. Os religiosos mais ortodoxos eram humilhados: barbas cortadas, vestes rasgadas, chapéus jogados fora, sinagogas ocupadas e destruídas. Ocorriam bombardeios dos russos e alemães. Numa dessas noites, vi cristãos correndo para a igreja com terços. Judeus entraram numa sinagoga desativada, envoltos em panos brancos e abraçados à Tora. Pensei que fôssemos para lá, mas minha mãe me levou para um esconderijo subterrâneo. Disse a ela: ´Mas mamãe, eles vão ser salvos porque são fiéis e acreditam que Deus vai salvá-los`. Então ela me respondeu: ´Deus não existe, ou não é onipotente ou está em outro lugar. Diante do que você viu, filhinha, Ele se esqueceu de nós. Temos que nos salvar por nós mesmos`. De manhã, depois do bombardeio, os cristãos estavam soterrados, ensangüentados, e os judeus também. Minha religiosidade foi abalada e continua abalada até hoje. Assistíamos a crianças serem ensacadas e jogadas em uma enorme cratera (vala), e cobertas por cal e enterradas, para poupar balas. Víamos que a areia se mexia e ouvíamos gemidos. Entre 1942 e 43, mamãe pegou algumas jóias que havia guardado e conseguiu com um padre, três certidões de nascimento de paroquianos que haviam morrido. Fugimos e contamos com a ajuda de um alemão que era civil, chamado Herbert Spitta. Ele foi uma espécie de Schindler para nós. Vivemos na clandestinidade, como católicos, até o fim da guerra.” (Henrietta Braun, de 73 anos, sobrevivente do Holocausto, vive hoje em São Paulo). Estão vendo meus caros leitores, como o tal Deus do Céu, tão citado no Livro velho, não passa de uma idéia oca, vaga, inconsistente e improvável?! Deus está dentro daqueles que ainda, não puderam se livrar do medo das ameaças do Inferno. O tempo (os quase dois milênios de cristianismo), é o trunfo que salvaguarda a corja bem nutrida do Vaticano. Décadas e décadas vão se passando, séculos e séculos, gerações e gerações; de tataravô que falou para o meu bisavô que falou para o meu avô que contou para o meu pai... enfim, o tempo escolta as religiões. Uma mentira bem imposta, abafa qualquer verdade inexpressiva ou não. E assim foi desde os primórdios, desde a morte de Jesus passando pela incumbência tendenciosa de Irineu em ajuntar os evangelhos para compor o livro chamado de Bíblia. Se Jesus pudesse estar hoje por essas bandas, veria quantas inverdades fizeram valer (com a ajuda do tempo, repito) em seu nome. Quantas estátuas gigantescas foram construídas (inclusive com pára-raios... óbvio!) somente para se encher os bolsos de dinheiro de poucos, alegando se tratar de turismo religioso. Lojas e lojas lucrando a rodo com artigos religiosos, usando o nome do ´Pai`, da mãe e do filho em vão sem nenhum sinal de dor na consciência. São shows, cd´s, dvd´s, botons, livros, camisas, bonés, sites,... o escambau! É... creio que se Deus existisse e fosse tão justo, jamais permitiria tamanha e ultrajante mentira.. Ele ficaria enojado (se existisse, é claro). Ao final da leitura, dêem uma nota, façam um comentário.
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