Mudanças cognitivas na Velhice
(Berryman)
Existe um estereótipo que associa a idade avançada com a diminuição da capacidade intelectual, de aprendizagem e do desempenho da memória. Esta redução da capacidade cognitiva existe, mas é menor do que o estereótipo de sugere. O desempenho em testes de inteligência comprovou que o declínio destas capacidades só é muito significativo a partir dos 50, 60 ou até 70 anos de idade. Os velhos, normalmente, não obtêm tão bons resultados em problemas abstractos, mas são, frequentemente, tão bons como os jovens relativamente à resolução de problemas práticos do quotidiano. Contudo, foi estudado, também, que, muitas vezes, os velhos erram devido ao excesso de cautela e medo de errar. Outros factores que podem influenciar o desempenho na idade adulta tardia são: a saúde, o nível de rendimentos, as circunstâncias familiares, o acesso a actividades sociais, o cansaço (por exemplo, em testes — a falta de motivação contribui para este factor).
Outro assunto importante relativamente à velhice é a personalidade, sobre o qual Julia Berryman afirma que, no geral, a personalidade não se modifica substancialmente à medida que envelhecemos (a estabilidade da personalidade é uma característica mais frequente do que a mudança) e que, normalmente, uma mudança muito marcada na personalidade durante a velhice denota problemas de saúde. Bernice Neugarten afirmou que, ao longo da vida, as características essenciais do indivíduo tornam-se mais salientes e vincadas e que os desejos não concretizados na fase inicial da vida ressurgem de forma mais completa. No entanto, Elaine Cumming e William Henry defenderam que existem algumas mudanças na personalidade, inclusivamente um aumento da introversão e uma diminuição da sociabilidade — teoria do desligamento. O desligamento seria “(...) uma retirada mútua do indivíduo da interacção social, e da sociedade do indivíduo. (...) pode ser social (. ..) e pode ser psicológico (...) O desligamentopode surgir por várias razões . As mudanças nos papéis laborais e familiares, a doença, a energia e a forma física reduzida, as dificuldades de comunicação (...) afirmaram que o desligamento era uma característica natural e inevitável da última fase da vida. (...) ajuda as pessoas a adaptar-se à velhice, levando a uma maior satisfação e a um moral mais elevado.” [1]
A esta teoria, de certo modo, opõe-se a teoria de Bernice Neugarten, Robert Havighurst e Robert Atchley que, nos seus estudos, descobriram que a relação entre desligamento e satisfação de vida é mais negativa do que positiva . Assim surge a teoria da actividade, segundo a qual a manutenção da actividade e a interacção social são necessárias para a preservação da auto-estima e da moral nesta fase da vida. Segundo J. Berryman, existem mais provas que indicam que a actividade leva à felicidade. Contudo, existem outros factores que influenciam o contentamento do indivíduo perante a vida e que podem favorecer as actividades de lazer e a interacção social., como a boa saúde e o nível de rendimento. Para concluir, “(...) é provável que a relação entre o nível de actividade, ou desligamento, e o moral dependa da personalidade preexistente, do nível de actividade do indivíduo enquanto jovem e dos seus modos de adaptação aos acontecimentos relacionados com o envelhecimento.”
[1] Cf. Berryman, J. et al (2002) A Psicologia do Desenvolvimento Humano, Lisboa, Instituto Piaget, p. 298
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