A MORTE DE UMA AMIGA
(alma)
Fomos colegas de trabalho, e depois de aposentar, sempre trocavamos figurinhas, mais pelo telefone do que pessoalmente. Ela era um pouco mais velha, sábia e mais experiente e sempre dava conselhos adequados. Ela havia sido minha chefe, onde ambas trabalhamos, no serviço público, em lugar onde sempre houve muita futrica e competição profissional. E nós duas assistimos ao fim inglório de muitos dos que tripudiaram de nossa fraqueza feminina: mulheres sempre são relegadas a segunda instância. E inclusive, durante uma querela profissional, uns 25 anos atrás, ela acabou ficando contra mim, para não levar sobre seus ombros o peso do corporativismo de alguns membros do clã local. Mas depois, tudo passou e eu, entendi, pq ela era mãe e arrimo de família e tinha de manter seu precioso emprego. Perdoei, e sinceramente, gostava muito dela. E agora, só tenho noticias esparsas, de que está nas últimas, vítima de um câncer escondido. E a mim, resta a angústia e tristeza do coração partido, de não ter feito mais, de não ter sido mais amiga e quem sabe, de não lhe dado uma cura milagrosa. A morte é algo terrível. É um amargo game over, do qual resta um travo de que alguma coisa ficou inacabada. Deus, help-us.
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