Em Paris, na primavera (conto)
(Fanny Abramovich)
Em Paris, na primavera - Autora: Fanny Abramovich Resumido por Lual Paris inteira floria. Chegara a primavera. A Helô caminhava livre, feliz por suas ruas, "ao sabor da vontade e do momento". Encantada com o colorido das flores, os vasos de gerânios, os canteiros de jacintos, o verde das plantas... Era um momento romântico adentrando em sua pele, despertando-lhe muitas sensações. Os transeuntes estavam alegres, leves, coloridos, belos... Tudo destilava primavera. Saboreia gostosamente cerejas suculentas e vermelhinhas que se desmancham na boca. Instintivamente, dançava um balé com improvisados e rodopiantes passos. Deixava-se levar. Era a magia do momento. Parou, olhou em volta, entra num café famoso e enquanto toma um, escreve em seu diário, em cartões -postais para algumas pessoas queridas e uma longa carta para uma amiga. Decidiu ir ao cinema. E, enquanto assistia ao filme, deliciava-se com um pacote de cerejas como se fossem pipocas. Ao sair, telefonou para Jean Marc (seu namorado). Ficou frustrada com a noite: Ele não estava. Paris estava em festa. Era a época das flores. Linda, maravilhosa. Parecia uma mulher vaidosa diante de um espelho, preparando-se para o amado. Saiu novamente a caminhar, cantarolando baixinho dengosas canções brasileiras. Música e paisagem se harmonizavam. Sentou-se num cantinho sossegado da margem esquerda do rio Sena. Era a tranqüila hora do crepúsculo. Deixou-se envolver pela beleza do dia. Lembrou-se das cerejas de sua terra. Tão raras, tão cobiçadas e tão caras. Apenas ornamentando os deliciosos pratos doces em ocasiões especiais como no natal. As frutas tropicais ficavam à margem. Seu avô contava que os friorentos russos cobiçavam as nossas bananas. E ela agora, podia degustar prazerosamente, inúmeras cerejas que custavam quase nada. Levantou-se e entrou num café para telefonar para Jean Marc. Essa noite seria diferente. Foi ao seu encontro feliz. 1º de maio, feriado comemorado. Dia dos trabalhadores. Helô recebeu vários buquês de muguets (lírios-do-vale). Prendeu um deles em sua blusa com alfinete. Certo dia foi à Torre Eiffel passear. Entrou num café para telefonar para Jean Marc, mas só puderam se encontrar três dias após, no domingo. Partiram contentes para passar o dia no campo. Os diversos tons verdes das árvores, orquídeas e junquilhos amarelos, hortências azuis e lindas rosas rubras tornavam o ambiente mais aconchegante. Foram para um restaurante camponês onde organizavam uma festa típica do lugarejo. As moças de saias rodadas, pés descalços, cabelos ornamentados com grinaldas de cerejas vermelhinhas. Ela também se enfeitou com as frutinhas, deixando Jean enfeitiçado. Beberam, comeram, cantaram e dançaram felizes. Beijaram-se passando cerejas pelas úmidas bocas, os olhos brilhando, as mãos se entrelaçando e torneando os corpos e os cabelos. O desejo queimando, explodindo. Entregaram-se ardentemente. Voltaram à noite para Paris. Jean lhe comprou um ramalhete de papoulas amarelas. Estava imensamente feliz. Queria de tudo que Paris lhe oferecia. Comera avidamente carnosas e suculentas cerejas. Rumou para a Avenida Champs Elysées, o cantinho que tanto gostava à beira do chafariz. Uma cigana leu o seu destino. Mais uma vez comeu gulosamente maduras cerejas que o seu sumo escorria pela boca, mãos, corpo, manchando sua roupa. Como uma criança saltitava de alegria. Entrou num café para se limpar e ligar para Jean. Não conseguindo sucesso, voltou mal humorada. Passou muitos dias e noites escrevendo seu trabalho de final de semestre. Rasgou e amassou inúmeras folhas irritada. Parou para cuidar de algumas flores, que sentindo-se melhor retomou o trabalho com otimismo e determinação. Voltou a caminhar sem rumo como apreciava por pequeninas ruas do Quartier Latin, respirando liberdade e paz. "De bem com a vida." Já não se encontravam cerejas facilmente: O verão se anunciava. Entrou num café para telefonar para Jean apenas para se despedir. Paris se preparava para receber os turistas e os parisienses para viajar para praias, montanhas, grandes metrópolis... Começou a se arrumar também para partir. Voltaria no outono. Despede-se emocionada da primavera que vivera. Excitada e sonhadora prepara-se para o verão na Espanha.
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