GRANDE SERTÃO: VEREDAS
(Guimarães Rosa)
GRANDE SERTÃO: VEREDAS
Uma das obras mais intrigantes da literatura nacional, redigida em um estilo que não encontra paralelo nos demais escritores da língua pátria. Riobaldo e Diadorim são os protagonistas principais, secundados por outros personagens que circulam pelos sertões das Gerais, em cenários de lutas intensas dos jagunços e à sombra dos buritis.
“Viver é muito perigoso”, diz o meditativo Riobaldo, aposentado após uma existência das mais variadas peripécias, circulando do Norte de Minas ao Sul da Bahia, em cavalgadas memoráveis, que agora relembra para o escritor visitante, que lhe ouve, compenetrado, as memórias aos trambolhões, registrando os principais fatos narrados e vividos.
As descrições dos lugares em que os protagonistas circulam são incomparáveis, tanto com relação ao solo, clima, vegetação, animais da região e outros adereços que faz da narrativa algo muito agradável, como se estivéssemos circulando pelos campos mineiros e baianos. É um segundo Euclides da Cunha, mas sem tantos detalhes, conhecimentos topográficos e científicos do autor de “Os Sertões”.
O livro é denso, com terminologia própria, com termos criados pelo próprio autor, que não encontramos tradução ou sinônimo em qualquer dicionário nacional, mas de fácil compreensão, no contexto da narrativa. É um outro Brasil, de um interiorzão ainda pouco habitado, com áreas extensas onde os compatriotas sentiam-se isolados de tudo e de todos, principalmente do Poder Público, vivendo às próprias custas e fazendo suas próprias leis.
“Grande Sertão:Veredas” é pura magia, com os caminhos e descaminhos de seus principais atores, sendo certo que entre Riobaldo e Diadorim há algo mais do que simples amizade, ou companheirismo de jornadas. Os dois sentem-se atraídos por um “quê” inexplicável para a época dos fatos, ainda mais nos recônditos sertões brasileiros, em um ambiente altamente machista, como o é a vida de todos, lutando contra forças públicas e outros contendores do ramo. Durante toda a vasta obra os dois querem se aproximar mais acentuadamente, mas os freios da moral e dos bons costumes travam esse relacionamento ambíguo.
O próprio título da obra é intrigante, pois aponta caminhos para os quais devemos percorrer ouvindo um só narrador, que rememora suas mais antigas lembranças ao longo de seus muitos anos de jagunço, mas sempre com as surpresas e emoções de uma vida errática, que almeja abandonar, para ter o seu cantinho de chão ao lado da pessoa amada, como a maioria de todos nós.
Não há como se deixar de surpreender com as variantes de linguagem, a funda crença religiosa, o poder dos santos e prelados da Igreja Católica, e o desprezo que votam para com os representantes do Poder Público (juízes, promotores, prefeitos, etc.), e a raiva para com os homens armados dessas instituições, que provocam não menos desmandos e arbitrariedades junto à população indefesa.
É um livro épico, que merece ser lido e relido, porque da primeira vez não se consegue acompanhar todo o clima específico da obra.
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