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Balanço da bossa e outras bossas
(Augusto de Campos)

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BALANÇO DA BOSSA E OUTRAS BOSSAS
Augusto de Campos


Augusto escreve este ensaio em 1967, auge da Bossa, interpretada por Elis Regina. Augusto toma as dores de Lupicínio Rodrigues, um dos grandes compositores brasileiros marginalizado, incompreendido tanto em sua terra quanto fora dela.
Atinge o apogeu em um momento de decadência da música popular brasileira. Sua música lidava com o banal, mas não eram banais, defende Augusto.
Entusiasmado com o seu discurso, Augusto diz que ninguém consegue enxergar o óbvio, no caso dos Rodrigues, tanto de Lupicínio quanto de Nelson.
Tanto os textos de Nelson (o escrito) quanto os de Lupicínio (o cantor) se recusam aos aprioris. Notabilizam-se pelo uso explosivo do óbvio, da vulgaridade e do lugar-comum. “A vergonha é a herança maior que meu pai me deixou”, diz Lupicínio em um de seus mais conhecidos sambas-canções.
Enquanto Nelson vira pelo avesso o recesso do sexo, na pauta diversa do romance ou do teatro, Lupicínio, por toda vida, vira pelo avesso a “dor-de-cotovelo” amorosa. Para Augusto, Lupicínio consegue formular como ninguém aquilo que se poderia chamar, parodiando a requintada terminologia sartriana, de sentimento da “cornitude”.
O envolvimento de Lupicínio é total. Letra, música, voz que transmitia como nenhuma outra os temas do ressentimento e da dor amorosa, sem agudos e sem trinados. Isto era intuitivo no cantor. Mais tarde, mais consciente, João Gilberto abriria o caminho para a liberação de grandes intérpretes, cantores de voz pequena ou de nenhuma voz, segundo os padrões tradicionais, como Nara Leão, Astrud Gilberto, Edu Lobo, Chico Buarque de Hollanda e muitos outros que descobriram uma personalidade vocal acima e à margem dos receituários do bel canto, como antes o haviam feito Noel Rosa e Mário Reis.
As letras de Lupicínio Rodrigues desenvolvem até a exaustão o sentimento que Drummond equacionou, em Perguntas, numa linha suscinta: “Amar depois de perder”. Sem contar a fenomenologia da “cornitude” todo um desenvolvimento elaborado em Vingança. Na primeira parte, o tom é de conversa, quase monólogo interior. Na segunda parte, a explosão do ciúme, subindo na escala, lançando a maldição final de quem nunca vai poder descansar.
Muitas de suas composições e das melhores, na visão de Augusto, encontram-se inéditas. Lupicínio Rodrigues, o cantor da infidelidade, irremediavelmente fiel a sua vida e a sua música, disse com ingenuidade e grandeza o que muitos, em prosas chatas e letras esforçados e camuflados não conseguiram dizer.
O autor consegue uma entrevista com Lupicínio no Clube dos Cozinheiros, na véspera da inauguração da mostra. Observa que o cantor só canta acompanhado de um violão depois de uma boa “embiritação”. Lá pelas duas da manhã, quando todos já haviam saído, Lupicínio solta a voz a palo seco, sem nenhum acompanhamento. Entre uma birita e outra, entre uma canção e outra, Lupicínio resume: “Tudo é confusão entre a filial e a matriz” (matriz=esposa). O único pesar de Augusto, neste momento, é de não ter levado um importante instrumento – o gravador.
Augusto termina seu ensaio fazendo um apelo e crítica quanto ao esquecimento de Lupicínio e, principalmente por sua terra natal, Porto Alegre.
Após sete anos, 1974, Augusto sente-se mais reconfortado por ver sair o Lp “Dor-de-Cotovelo”, editado sob a etiqueta “Rosicler”, 1973, composições de Lupicínio interpretadas por ele mesmo. Algumas músicas dentre as novas e velhas como Caixa de Ódio, Dona do bar e Loucura.



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