O jardineiro fiel e a miséria africana
(Julia Benvenuto)
O “jardineiro fiel” e a miséria africana
O filme “Jardineiro Fiel” retrata a pobreza e abandono que a África se encontra no contexto atual. A maioria da população africana vive em condições subumanas: não possuem acesso a saneamento básico, moradia, educação e saúde. A Aids é a doença mais preocupante neste continente e estima-se que quase 9% de toda a população áfrica está contaminada pelo vírus (dado publicado pela revista americana Times).A ajuda das nações unidas e da comunidade global não tem sido suficiente: existe uma rede de corrupção muito forte que envolve os governos africanos e grandes empresas multinacionais (que segundo o líder da União Africana, Olusegun Obasanjo, consome em torno 25% do PIB do continente).Deste modo, os recursos enviados para a ajuda humanitária são,geralmente, desviados ao comércio de armas e drogas. Somado a isso, encontram-se a lavagem de dinheiro por bancos ocidentais, a inserção de alimentos subsidiados no comércio africano e as guerras tribais incentivados pelo tráfico de armas.
É baseado nessa situação de abandono e corrupção que o filme, através de sua narrativa, revela o poder das grandes indústrias farmacêuticas multinacionais e a corrupção presente no continente africano. Ao descobrir que remédios em fase de elaboração estavam sendo utilizados na população local, a personagem Rachel Weisz (esposa do diplomata britânico Justin Quayle) engaja na luta contra os abusos cometidos por essa rede farmacêutica e acaba assassinada.
A situação atual da África também pode ser relacionada com o texto “Perdedores Globais” que realiza uma breve análise do processo de globalização (dos mercados, do dinheiro e do trabalho). No texto, Robert Kurz afirma que não existe mais a fidelidade das empresas com o desenvolvimento da economia nacional, ou seja, o capital não possui mais barreiras. O movimento migratório das grandes multinacionais para países de terceiro mundo é cada vez mais notório. As vantagens oferecidas em países subdesenvolvidos, em que as leis trabalhistas e ambientais são fracas e a remuneração da mão de obra é miserável (como por exemplo na China,nos países africanos...) fazem com que haja uma globalização do capital. E deste modo, os estados devido à falta de recursos financeiros abandonam a sua população na pobreza e miséria, retirando-lhe o direito à cidadania. Essa situação, segundo o autor, torna-se insustentável e coloca: “a globalização de uma economia da minoria tem como conseqüência direta a guerra civil mundial, em todos os países e em todas as cidades”.
O abandono da população pelo estado é evidente nos países africanos, a miséria, as guerras tribais, e o vírus da AIDS estão tão presentes que apenas a ajuda superficial hoje oferecida pelo mundo está longe de ser suficiente. É necessário, principalmente, por fim a corrupção e aos abusos cometidos pelas grandes empresas e o investimento sólido em saúde, infra-estrutura e educação.
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