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O Homem que Morreu (parte I)
(D.H. Lawrence)

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Neste belíssimo texto, dividido em duas partes, Lawrence conta, a partir da vida de um galo de briga cheio de vida, a passagem do homem que havia morrido em Jerusalém e ao escutar este canto cheio de vida retorna do reino da morte novamente para a vida. Doente de indescritível desilusão, o homem ressurgiu dos mortos para o mundo de sempre, o mundo com as suas manhãs e suas tardes, inalterável. Mas ele não pertencia mais a este mundo e também não pertencia ao outro. Um ser obscuro, com náuseas de desilusão e sem consciência do seu destino. Ao sair do sepulcro, encontra o dono do galo a perseguir-lo e ajuda-lhe a recuperar o animal, e em troca o camponês oferece abrigo ao estranho. Em sua casa a mulher ajuda a curidar das feridas e ele pode descansar e comer. Por três dias descansou na casa do aldeão. Durante o dia ficava ao sol no terreiro olhando o mundo, a vida que resplandecia, mas ele não pertencia mais a este mundo e seus desejos haviam-se extinguido. Não compreendia o incessante apelo à vida que lhe assaltava de todos os seres que não tinham perecido. Observando o galo no quintal pode perceber a onda de vida que irrompe naquele corpo, uma oscilação triunfante de vida que transforma a morte em apenas uma sombra, comparada ao surto indomável da vida. Na alvorada do terceiro dia voltou ao horto onde fora atraiçoado e depois sepultado. Notou ali uma mulher vestida de azul e amarelo. - Madalena! Exclamou – estou vivo. Desceram-me da cruz muito cedo e eu ressuscitei! A jovem tenta em vão levá-lo consigo para junto de seus antigos amigos, triunfante. Mas para ele o único triunfo era ter voltado dos mortos. Havia sobrevivido à sua missão e já não mais queria saber dela. Agradecia a Judas, a Pilatos e aos Sumo-sacerdotes terem-no salvado da sua salvação. Ela percebe então que o seu Messias não tinha ressuscitado e que este homem na sua frente era a morte do seu sonho. Separaram-se combinando um próximo encontro para dali a três dias. Ela ia desiludida, mas reanimou-se ao pensar que o Mestre ressuscitara, não como homem, mas como o verdadeiro Deus, que não podia mais sofrer contatos humanos e que seria arrebatado ao Céus... um fantástico milagre! O homem retorna à casa de seus anfitriões e leva-lhes algumas moedas que Madalena lhe dera. Passava os dias sentado no quintal a observar o galo e o sol, pensando na chama de vida que arde intensamente. Por fim compreendera que o corpo se ergue para dar e receber, e que sua virgindade é uma forma de avareza. Meditava na vida imensa e forte da natureza, para além da vida acanhada e pessoal de cada um. Compreendeu que ressurgira para a mulher, ou para as mulheres. Quando clareou a terceira manhã o homem tornou ao horto. Lá haviam três mulheres junto ao sepulcro: Madalena, sua mãe e uma outra conhecida. Sabia que elas estavam ali para reclamar seu corpo. Ele não queria ver ninguém, preferia a solidão. Já havia se curado de sua febre de salvar homens e mulheres. – Procurei compeli-los à vida e eles me levaram à morte. Chegou minha hora de estar só. Abandonou para nunca mais voltar o horto. Tão logo se sentiu curado das feridas e da morte, comprou calçados e uma túnica nova, com o dinheiro que Madalena lhe deu. Também cortou o cabelo e a barba e fez um turbante para esconder as marcas da testa. Despediu-se do casal que o acolhera e comprou do aldeão o galo que vivia em seu terreiro. Seguiu seu caminho quase sozinho. Levava consigo somente o galo que planejava entregar a seu próprio destino deixando-o onde houvesse algumas galinhas. No caminho até a próxima cidade encontrou com outros dois caminhantes e seguiu-lhes o passo participando da conversa deles sobre o Mestre que havia ressurgido dos mortos e subido ao Pai. Ao entrar na cidade deixou-se reconhecer pelos companheiros e foi procurar uma estalagem. De manhã o galo cantou com vigor e o galo da estalagem veio, acompanhado de suas galinhas, pronto para o combate. O dono da estalagem correu para salvar seu galo, mas o viajante pediu q deixasse a luta continuar: – Se meu galo vencer, dou-te ele; se perder, dou-te também e você pode comê-lo. Como seu galo foi o vencedor, entregou-o ao dono da estalagem dizendo para o galo: – Encontraste enfim seu reino e as fêmeas encontrarão teu corpo. Assim seguiu seu próprio caminho, sempre só. Temendo qualquer convívio pois o convívio com os homens o levara à morte. Em sua solidão formulou para si mesmo uma última questão: - De quê, e para quê, poderia tão confuso mundo ser salvo?



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