Considerações Intempestivas
(Nietzsche; F.)
Na primeira secção das “ Considerações Intempestivas – David Strauss, o Confessor e o Escritor ”, empreende Nietzsche um feroz ataque contra o conhecido escritor que vê como um sofista, um filisteu da cultura. Considera o livro de Strauss “ A Antiga e Nova Fé ” uma síntese dos falsos conceitos que dominavam aquela época. A cultura é, antes de mais, a unidade do estilo artístico em todas as manifestações da vida de um povo. Isto significa que ter muitos sábios e ter aprendido muito não é cultura, nem sinal da mesma, já que se pode cair na barbárie, na falta de estilo e confusão caótica de todos os estilos, que é onde vive o povo alemão. Para Nietzsche, o alemão é uma mistura de várias coisas, de diferentes culturas e julga-se culto, mas apenas detém uma pseudo-cultura, uma cópia, pouco inteligente, das demais. Perante tal situação, o filósofo interroga-se como é possível que reine a satisfação e sentimento de triunfo entre as gentes ilustradas alemãs? A esta classe de homens chama « filisteus da cultura ». Os alemães puseram de lado um elemento vital , o autodomínio, a vida, que se traduziria numa vontade forte; por isso, não foram capazes de alcançar a verdadeira cultura. Nietzsche considera que a vida tem que dominar o conhecimento e não o contrário. Na primeira conferência sobre o “ Problema do Futuro das Nossas Escolas ”, diz-nos Nietzsche que o objectivo da cultura da época é a utilidade, a ganância, o dinheiro; é uma cultura rápida da qual se espera que prepare os indivíduos depressa para ganhar dinheiro. A economia política, os instintos religiosos e a necessidade de assegurar a existência do Estado a isso obrigam. Na segunda conferência verifica, ao analisar o “ Instituto do Bacharelato ”, que se educam os jovens tendo em vista a erudição e não a cultura, que se ensina a crítica independente demasiado cedo, e que se devia ensinar o respeito pela obra de arte e a escutar os grandes pensadores, em vez de se habituarem a filosofar de forma independente; devia exigir-se aptidão na escrita da língua materna, impedindo a sua aquisição através dos jornais. No Estado prussiano, verifica-se que aquele se tomou o direito de manter a tutela sobre a cultura e a escola, acabou por criar um número excessivo de escolas, justificando a necessidade de determinado nível cultural com a disponibilidade de cargos a ocupar. Desta forma, defende-se uma cultura nivelada. Os homens transformaram-se em moeda corrente. Afirma-se a existência de uma união necessária entre “ a inteligência e a propriedade ”, entre “ a cultura e a riqueza ” e que esta união é uma necessidade “ moral ”. Aos homens não é permitida a aquisição de mais cultura além da necessária ao interesse geral e usos do mundo. A isto, na terceira intempestiva , “ Schopenhauer Educador ”, chama Nietzsche o “ egoísmo do Estado ”, que apenas permite o desenvolvimento das faculdades intelectuais de uma geração na medida em que estas são úteis às instituições estabelecidas. “ O montante da educação é determinado pelos interesses comerciais ”; na prática libertar significa “ acorrentar ”. Se se perguntasse a alguém porque vive, responderia concerteza, para ser um bom cidadão, um sábio ou homem do Estado. Nietzsche interroga-se: porquê isso e não coisa melhor ? Será que não compreendem que a vida é algo mais do que um
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