Os Intelectuais na Idade Média
(Jacques Le Goff)
Os Intelectuais na Idade Média Jacques Le Goff inicia seu livro Os intelectuais na Idade Média afirmando que o fundamental da percepção do mundo escolar e universitário medieval, apresentado em seu livro, vem a ser enriquecido e confirmado desde 1957 e que esse ensaio é iniciado pela palavra "intelectual" com o intuito de "deslocar a atenção das instituições para os homens, das idéias para as estruturas sociais, as práticas e as mentalidades de situar o fenômeno universitário medieval numa visão de longa duração" (Le Goff, 2000: 7), tenta esclarecer e justificar, também, o emprego do termo "intelectual" classificando-o como útil. Logo em seguida, o autor cita uma referência dada por Giovanni Santini à cerca de seu livro que é: "O nascimento do ‘intelectual’ como tipo sociológico novo pressupõe a divisão do trabalho urbano, assim como a origem das instituições universitárias pressupõe um espaço cultural comum, no qual essas novas ‘catedrais do saber’ podem surgir, prosperar e se confrontar livremente" (Le Goff, 2000 : 8). Para o autor, os traços primordiais da nova paisagem intelectual da cristandade ocidental na virada do século XII para o XIII são: a divisão do trabalho, a cidade, instituições novas, um espaço cultural comum a toda a cristandade; e não mais representado pela repartição geográfica e política da alta Idade Média. Como decisivo no modelo do intelectual medieval são citados: a ligação existente com a cidade e a evolução escolar com a separação entre escola monástica e escola urbana, sem que haja a exclusão dos estudantes leigos. Os novos intelectuais são citados nesse prefácio como homens de ofício que precisam sobrepujar o chavão habitual da ciência que não existe para ser vendida pois pertence a Deus. São citados, igualmente, além do currículo universitário, três modos de acesso ao poder que são: o nascimento, considerado como o mais importante; a riqueza, como secundária até o século XIII, salvo na Roma antiga; e o sorteio, de alcance restrito entre os habitantes das aldeias gregas da Antigüidade. Apesar de jovens nobres e jovens burgueses constituírem a maior parte da classe dos estudantes e dos mestres, certo número de filhos de camponeses também conseguiam uma real ascensão social com um único propósito: o poder. Era uma sociedade controlada pela Igreja, e os intelectuais da Idade Média eram, antes ou tudo, fiéis servidores da igreja e do Estado. O assunto desse ensaio, de acordo com o autor, é a emergência e o triunfo de um novo tipo sócioprofissional nos séculos XII e XIII, sendo que a Alta Idade Média só foi envocada como uma pré-história de seu assunto, a qual ele classifica como sendo bárbara, balbuciante, e uma traição ao modelo anterior. Para o autor "na monarquia dos tempos carolíngios a natureza e a função das escolas e dos pensadores e produtores de idéias eram muito diferentes do que foram no tempo da predominância da cultura urbana e que sua difusão não ultrapassa círculos aristocráticos – eclesiásticos e leigos – restritos." (Le Goff, 2003 : 17), sendo necessário um estudo mais próximo ao funcionamento das escolas urbanas dos séculos X e XI na sociedade da época. Nos séculos XIV e XV ocorre uma grande mudança, a qual não modifica o quadro institucional, e os estudos de Le Goff, segundo ele mesmo, são totalmente ineficientes e precários de correção. Houve uma crise universitária no período referente à chamada crise dos séculos XIV e XV, anterior à Peste Negra em 1348, desde 1270-77 com as condenações doutrinais levadas a efeito pelo bispo Étienne Tempier em Paris. Nesse período aparece um novo tipo de intelectual humanista que substituiria o universitário medieval indo, ao mesmo tempo, contra ele, sem renegar o molde de onde saíram. Quase ao finalizar seu prefácio, Le Goff cita alguns fatos narrados em seu ensaio que são: a extensão geográfica do mundo universitário modificando a paisagem universitária sem destruir-lhe o quadro; o nascimento de novas u
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