CENAS DO CAMPO 
(J BRITO SOUSA)
  
O Manel dos Bigodes é que matava o porco em casa do meu compadre Zé das Bagunças ou o Bagunças, como a gente, os mais próximos lhe chamávamos. O animal tinha  pequenos almoços, almoços  e jantares avantajados para pôr carne no lombo, pois em casa do meu compadre  Bagunças ou bem que as coisas se faziam ou bem que não se faziam.     O Bagunças  era hoje  um reformado da GNR, homem de olho na coisa, quando era catraio, desde cedo que começou a rondar a casa do vizinho Damásio, que tinha quatro ou cinco filhos, duas eram moças e o Bagunças via ali uma  boa jogada, ficava com a moça  e com as fazendas do velho Damásio.  Os olhos luziam-lhe a olhar o vinhedo da encosta.  Vai ser assim Damásio, isso que tu tens hoje,  a maior parte vai ser meu., dizia lá para consigo o Bagunças. Os  meus cunhados são uns “pichotes”, pensava. E o Bagunças  já se via na raia, a vender os presuntos em Espanha  que havia comprado em Chaves.     Bagunças voltara à terra depois de um percurso agitado na GNR. Andou pelo País todo e veio já no final da carreira  passar os últimos anos no Aeroporto  Sá Carneiro na cidade do Porto. Estava a  um brado da casa. que tinha na Maia, o “bunker” como ele lhe chamava, com esconderijos à Saddan e tudo. Durante esse tempo em que trabalhou,  a coisa deu certa e fez uma vivenda na aldeia de origem. Tinha herdado do Pai e do sogro e hoje era um fazendeiro rico.      E era hoje  a matança do porco.     Foi na venda do Ti Lira que encontrou  o Manel dos Bigodes, um que era sapateiro na aldeia, bom de naifa e que costumava matar os porcos lá na aldeia. Manel, disse o Bagunças, tens alguma coisa para o dia 24?:.. Porquê, disse o Bigodes...  Tenho lá o animal com vinte arrobas... aguentas-te ou não?!... E o Bigodes, medindo o Bagunças de alto a baixo, mandou-lhe esta: prepara mas é a cachaça... estás a ouvir. Quanto mais cachaça melhor. .. já sabes, o animal morre mais tranquilo e o serviço  faz-se melhor. Estás a ouvir ó Bagunças . E agora vais pagar um copo  e fica selado o acordo..          Conversaram sobre tudo, sobre os tempos de infância, a missa do galo  com o padre Jorge, a  escola primária com a D.. Teresa, alentejana de Melides, de quando iam à uva... .. enfim daquelas criancices que todos nós temos. E o Bagunças ainda disse: ò Bigodes, ainda te lembras quando fomos  às meninas a Bragança. Áh cão... que deste cabo do material todo.. Dia 24 disse o Bagunças e o Bigodes... disse .. aperta aqui.     E despediram-se    O Miguel, filho do Bagunças  é que trazia o animal  da pocilga para as mãos d Bigodes. Vinha grunhindo e o Miguel dava-lhe umas palmadas nas ancas... anda lá ó bicho E o Manel a fancos para  a jogada mortal. 
 
  
 
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