Alquimia do Amor
(Nicholas Sparks)
Prólogo
Poderá o homem vir a sofrer uma transformação radical? Ou será que o carácter e os hábitos fecham as nossas vidas dentro das fronteiras inexplicáveis?
Decorria o mês de Outubro de 2003, e eu estava no alpendre a pensar nisto e naquilo, enquanto por cima de mim, uma borboleta rodopiava por cima da luz.
Jane dormia sem notar a minha ausência e já passava da meia-noite, estava a ficar mais fresco, senti as mãos gelarem , o meu roupão de algodão grosso, não fazia já frente à proximidade do inverno.
As estrelas iluminavam o céu e eu fiquei por ali à espera que alguma caísse na minha direcção.
Nada acontecia, nada me surpreendia…
Não sou muito dado a sentimentalismos, não me deixo apanhar por peças de teatro ou filmes românticos, pois nunca fui um sonhador.
Interesso-me pelo concreto, pelas leis, pelas normas institucionais.
Sou advogado e desde sempre geri as propriedades dos clientes, que íam preparando o fim das suas vidas, através de testamentos.
Apesar de não ser muito sensível, não desprovido de emoções, por vezes sou assaltado por momentos de curiosidade, quase sempre por coisas simples, como as ondas do mar a rebentarem, lançando espuma salgada para o céu, ou quando a trovoada me faz estremecer e observo os seus relâmpagos.
O meu nome
E Wilson Lewis e aqui vou contar a história de um casamento, de trinta anos, mas apesar de tantos anos, acho que não percebo muito de casamentos.
Olhando para trás, sou capaz de te feito muita coisa acertada e desde sempre amei a minha mulher.
Amei a minha mulher desde sempre, apesar dos altos e baixos que todas a relações tem e do cansaço que se adquire ao longos dos anos.
Mudámos de casa quatro vezes, tivemos 3 filhos e ultrapassamos a morte dos meus pais, da mãe dela e a continua doença do meu sogro. Os miúdos em pequenos, a turbulência do crescimento, dos hospitais e da adolescência.
Por tudo isso e muito mais, achei que tínhamos uma relação estável.
Não vou ser cínico ao ponto de dizer, que neste tempo todo, não terei pensado como seria a minha vida, se tivesse ficado com outra pessoa. Mas fiz uma descoberta há catorze meses, que me fez balançar.
Querem saber o que aconteceu?
Poderia pensar que era um incidente causado por uma crise da meia idade, ou desejo súbdito de mudança, talvez uma partida do coração, mas não se tratou disso.
O meu foi um pequeno pecado, uma anedota, quando foi recordado mais tarde. Magoei-a, ambos ficámos magoados e é nesse ponto que devo começar esta história.
Estávamos a 23 de Agosto de 2002 e cometi um erro crucial. Estive todo o dia enfiado no escritório, no meio da papelada e quando ao fim da tarde cheguei a casa, estava a Jane na cozinha e estava a terminar o meu prato preferido. Quando percebeu a minha presença virou-se e olhou para mim de alto a abaixo, fixando os seus olhos nas minhas mãos. Na altura não compreendi porquê. Acabamos por jantar em silêncio, ocupei-me novamente com papéis e quando me fui deitar, ela soluçava por entre os lençóis. Passou-me tudo pela cabeça, se haveria algum problema com as crianças, se o pai dela tinha piorado e julgando que melhorara as coisas, fiz-lhe uma festa nas costas e perguntei-lhe:
- O que se passa?
Levou algum tempo até que respondesse. Suspirou enquanto puchava a roupa para cobrir os ombros.
- Feliz Aniversário! - Murmurou.
Vinte e nove anos, lembrava-me agora. Olhei para a cómoda e lá estavam as minha prendas, devidamente embrulhadas.
Esqueci-me pura e simplesmente.
Nem tive coragem para me desculpar, não havia forma de contornar as coisas.
Pedi perdão e quando na tarde seguinte, lhe dei um perfume, ela sorriu e presenteou-me com uma palmadinha na perna.
Sentado ao lado dela, sabia que a amava na mesma, como no dia em que casámos, mas verifiquei que estava distraída e emanava uma tristeza profunda.
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