Arquipélago de São Pedro e São Paulo - um santuário ecológico perdido no oceano
(José Roberto Conte)
O arquipélago é um pequeno grupo de dez ilhotas e diversa pontas de rochas, em forma de meia-lua, desabitadas e desprovidas de qualquer tipo de vegetação de grande porte, localizadas a cerca de 1.100 quilômetros da costa nordeste do Rio Grande do Norte e que servem de apoio para aves em alto-mar.
A zona de falha no entorno do arquipélago possui cerca de 120 km de largura, e suas profundidades podem atingir 3.600 m; além de seus limites norte e sul, são observadas profundidades abissais superiores a 4.000 m. A área desta cadeia submarina e do arquipélago de São Pedro e São Paulo é tectonicamente ativa, conseqüentemente sujeita a terremotos, o que sugere que sua formação foi controlada pela movimentação da falha e de seu conjunto de fraturas. Em outras palavras: não existem rochas vulcânicas no arquipélago. São rochas representantes do interior da Terra, e vieram de uma profundidade superior a 15 km.
O arquipélago é o hábitat natural de tubarões baleias e martelos, moradores permanentes da região e das lagostas, que se contam aos milhares, algumas quase centenárias. Grandes pelágicos também freqüentam o local, onde costumam se concentrar para armazenar energia e continuar suas longas migrações. A ocupação científica teve início com a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos do Mar (CNUDM), que mudou a ordem jurídica internacional relativa aos espaços marítimos e garantiu aos Estados o direito de explorar e aproveitar os recursos naturais dos oceanos. Para que esse direito fosse exercido de forma plena, havia a necessidade de se desenvolver projetos de pesquisa para o aproveitamento racional dos recursos.Em junho de 1996 a Comissão Interministerial para os Recursos do Mar (CIRM) aprovou o Programa Arquipélago de São Pedro e São Paulo (Proarquipélago), com o objetivo de conduzir programas de pesquisas científicas nas seguintes áreas: geologia e geofísica, biologia, recursos pesqueiros, oceanografia, meteorologia e sismografia. A posição estratégica do arquipélago e as características peculiares das ilhas, aliadas aos interesses científicos e econômicos, eram fortes argumentos para a implementação de uma base permanente, aspiração antiga da comunidade científica. No dia 25 de junho de 1998 foi inaugurada a Estação Científica do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (ASPSP), garantindo a sua habitabilidade , contribuindo assim para a ampliação da área marítima de até 200 milhas de raio em torno do arquipélago. Com isto, a Zona Econômica Exclusiva do Brasil passou a ter cerca de 450.000 km2, área esta que foi denominada "Amazônia Azul”. O projeto e a construção da base foi fruto de uma parceria entre o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e o Laboratório de Planejamento e Projetos da Universidade do Espírito Santo (UFES), que juntos planejaram uma estação científica extremamente confortável e eficiente, erguida na ilha principal do arquipélago (ilhota Belmonte). A montagem e a instalação duraram 12 dias, e contou com o apoio do navio Faroleiro Almirante Graça Aranha da Marinha do Brasil.
Atualmente a estação científica do ASPSP é ocupada por pesquisadores de diversas instituições de ensino que desenvolvem vários projetos de pesquisa.
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